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Bola da vez

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A decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de rejeitar, por unanimidade, pedido da defesa do ex-presidente Lula, condenado em segunda instância, para que este não seja preso em caso de confirmação da sentença do Tribunal Regional Federal, após análises dos embargos, jogou para o Supremo Tribunal Federal a responsabilidade de dar um fim à dúvida que prevalece por força de inação dos próprios ministros. Em duas ocasiões, a Casa decidiu pela prisão, mas há margem para contestações, e, agora, é real a possibilidade de mudança de postura de alguns dos juízes ante à pressão que ocorre nos bastidores da Corte.

A maioria foi indicada durante os oito anos de gestão do ex-presidente, e outro tanto nos seis anos e meio de Dilma Rousseff, o que joga a política para dentro dos autos, embora, tecnicamente, isso não devesse acontecer. O problema é que o próprio Supremo se permitiu a ser uma corte com forte viés político em vez de se ater exclusivamente às funções capituladas na Constituição Federal. Por elas, o STF é uma corte para discutir questões constitucionais, mas hoje há espaço para qualquer tipo de demanda. Os ministros, em vez de devolverem determinados processos para o foro competente, dão andamento aos casos, mesmo sabendo que não são adequados.

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Na Suprema Corte dos Estados Unidos, poucos conhecem os ministros, por conta da discrição, embora saibam de suas tendências: uns conservadores, outros liberais, e até mesmo alguns neutros, mas a discussão cessa aí. As matérias pautadas naquela Corte são apenas de grande relevância, daí, por consequência, a importância das decisões. No Brasil, de uns anos para cá, os ministros resolveram ser protagonistas. O STF, ante a omissão do Legislativo, que não se entende, e do Governo, que cria projetos no atacado, resolveu também legislar. A judicialização da política tornou-se uma rotina mudando as peças do xadrez.

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Não há datas para o recurso chegar ao STF, mas, pelo andar da carruagem, mesmo com o cinco a zero adotado pelo Superior Tribunal de Justiça, nada garante que o STF mantenha as decisões que ele tomou por duas vezes, quando foi provocado sobre o assunto.

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