O governador Romeu Zema, reconheça-se, está fazendo tudo o que pode para colocar as finanças de Minas em dia, mas já percebeu que terá que quebrar muitos ovos para fazer uma omelete. A cada dia, sua equipe se surpreende com a situação financeira do Estado. Por conta de tais números, nem mesmo a reforma administrativa apresentada na tarde de terça-feira, pela qual se pretende economizar R$ 1 bilhão em quatro anos, cortar três mil cargos comissionados e reduzir o número de secretarias de 21 para 12, deve ser suficiente para colocar o trem nos trilhos.
Ademais, está claro desde o início da gestão que será necessário fazer um acordo com a União para receber repasses federais. Seu antecessor, Fernando Pimentel, se recusou a assinar o pacto ao conhecer as contrapartidas pedidas por Brasília. Zema ainda não discutiu o pacote, mas, certamente, será induzido a fazer privatizações, algo que não é estranho ao seu programa de governo. O que pesa é a oportunidade. Ele já disse, por mais de uma vez, que pretende passar alguns ativos para a iniciativa privada, mas, para que isso não ocorra de mão beijada, terá que melhorar a sua performance para, só aí, vendê-los. Não se sabe se terá esse tempo.
Fica claro, nesse cenário de negociação, que tanto Estado quanto União terão que discutir a relação de forma mais ampla. O atual modelo federativo é perverso para os estados e, sobretudo, para os municípios. As entidades representativas dos prefeitos têm alertado os governantes que a situação das prefeituras está cada vez mais crítica, não bastando colocar os repasses em dia, uma vez que as obrigações estão cada vez maiores.
A tarefa, porém, passa necessariamente pelo Congresso, que já tem demandas suficientes para consumir sua agenda até o fim do ano. Mas é bem possível que no pacote econômico do ministro Paulo Guedes haja margem para mudanças. A única certeza, hoje, é que não dá para manter a situação como se encontra.