Com algumas regiões ainda no estágio da reincidência em razão das novas e recorrentes cepas, a Covid está, de certa forma, sob controle, sobretudo se a população atender aos apelos das autoridades sanitárias e não se descuidar da vacinação, com as doses complementares que continuam sendo um gargalo para uma boa parcela que ainda não se convenceu de sua eficácia ou que considera que as duas primeiras doses são suficientes para garantir a plena imunização. Trata-se de um equívoco a ser combatido com campanhas sistemáticas sobre a importância de complementar o processo.
Mas ainda levará tempo para considerar o coronavírus um dado do passado, embora o cenário deste fim de 2022 seja bem mais otimista do que o de dois anos atrás. Em 2020 o mundo estava atônito com a contaminação, milhares de pessoas em óbito e a rede hospitalar às margens do colapso. Mas a conta ainda continua sendo paga. Além de efeitos colaterais da doença, que afetam milhões de pessoas pelo mundo afora, há outras consequências.
A economia ainda tenta se recuperar de dois anos de estagnação e se vê às voltas com dificuldades que continuam perpassando o dia a dia do setor produtivo. A inflação ainda preocupa e os preços globais, sobretudo das comodities se mantêm instáveis.
Na edição de domingo, a Tribuna mostrou uma outra instância que também paga um preço alto por conta da Covid. A repórter Letícia Lapa, sob a supervisão da editora Fabíola Costa, foi às ruas e encontrou um cenário ainda preocupante na Educação. Um expressivo número de alunos, por conta da mudança na prática de ensino – já que as escolas tiveram que ser fechadas – ainda não se recuperou dos danos do modelo remoto ou do distanciamento formal dos bancos escolares.
Há uma série de desafios pela frente para recuperar o tempo perdido e igualar o jogo para aqueles que tiveram intercorrências neste período. A Covid foi reveladora da desigualdade em diversas instâncias e não foi diferente na educação. Pelo país afora, milhares de alunos tiveram dificuldades em estudar à distância por uma série de fatores, mas a falta de meios para adotar esse modelo foi uma das principais razões.
As educadoras que colaboraram com a matéria são objetivas em apontar causas e feitos e apostam em ações para recuperação do tempo perdido sem perder a esperança de que isso é possível. Para tanto, porém, o esforço deve ser coletivo. Mais ainda, há o viés pedagógico para o futuro, apontando não apenas para novos modelos de ensino, mas também para a necessidade de a Educação ser uma demanda prioritária nas políticas de Governo.