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Guerra da comunicação

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O presidente eleito Jair Bolsonaro já admite fatiar a reforma da Previdência para garantir sua aprovação já no início de sua gestão. A preocupação procede, pois o Governo, nas várias tentativas que fez, esbarrou na pressão das ruas e no lobby sindical, embora a principal causa de sua não aprovação foi o modo como a matéria foi vendida para a opinião pública. Em pleno ano eleitoral, praticamente todos os partidos embarcaram na onda dos riscos, e ninguém, nem mesmo legendas da base governistas, de olho nas urnas, topou apoiar a matéria. Ao perder a guerra da comunicação, o Governo perdeu a maioria no Congresso.

A nova gestão precisa estar atenta para esse detalhe, pois a falta de explicação adequada e a pouca interlocução com a sociedade foram as principais causas do impasse. Como reformar a Previdência não é fácil em parte alguma do planeta, sem conversar direito o texto não anda. Por isso, ao fatiar a proposta, o Governo esteja tentando ganhar tempo, mas é fundamental atentar para os riscos. Se perder a primeira etapa, não terá meios políticos de avançar em outros pontos.

A despeito de ser um projeto de difícil absorção, reformar a Previdência é uma necessidade, uma vez que há tempos a conta não fecha: o número de beneficiários cresce em proporção bem mais acentuada do que o número de contribuições. Os estados vivem o mesmo gargalo ante a diferença entre receita e despesa, como é a situação de Minas Gerais, onde muitas discussões também precisam ser feitas, sobretudo entre os operadores do serviço público.

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Com a reforma, será possível avançar em outras pautas que carecem da mesma urgência, como mudança na política tributária. O setor produtivo é taxado em demasia, como nos tempos da derrama, ficando impossibilitado de ganhar competitividades, sobretudo quando se trata de comparação com outros países. Mas a reforma também precisa visar as diferenças tributárias entre os estados. Enquanto o Rio baixa a tarifa, Minas tem uma das mais altas. O resultado é a migração de investimentos reforçada pela guerra fiscal que não gera vencedores, nem para quem perde indústrias nem para quem ganha sem o retorno necessário para o seu caixa.

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