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Encruzilhada de Temer

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não ter sido tão expressivos quanto os de junho de 2013 e nem mesmo, talvez, de alguns outros do início do ano, mas foram indicativos da insatisfação popular com o modo de se fazer política no país, especialmente no Congresso Nacional. Os recentes episódios na Câmara Federal, em que o projeto de combate à corrupção foi completamente mutilado, apontaram uma desconexão entre o que se espera com o que se faz, de fato, nos bastidores do Legislativo. Foi uma mudança feita na madrugada, própria para garantir um salvo conduto para envolvidos em atos ilícitos e, ao mesmo tempo, para intimidar os investigadores da Lava Jato. O argumento de isonomia adotado pelos congressistas foi um sofisma, para justificar gestos que eles mesmos sabiam que estavam na contramão dos fatos.

Como o texto encontra-se, agora, no Senado, e lá tudo depende do humor do presidente Renan Calheiros – um dos alvos das manifestações -, é provável que a matéria só entre em pauta no ano que vem, depois do recesso parlamentar. Durante esse período, espera-se que os dois lados revejam suas posições: o Parlamento, no sentido de tirar os jabutis inseridos no texto, e a decisão de renúncia coletiva dos investigadores da operação, por ser um ato intempestivo, que só atenderia exatamente os que fizeram as mudanças no texto da lei.

A palavra final caberá ao presidente Michel Temer, que ficará diante de uma encruzilhada. Se sanciona o texto mutilado, ganha respaldo dos deputados e senadores, mas perde as ruas, entrando na lista dos personagens ora questionados pelo clamor popular. Se segue o interesse coletivo, ganha as ruas, mas perde o apoio do Congresso.

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