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No mesmo saco

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As novas gravações da JBS, cedidas espontaneamente pelos próprios executivos, talvez por engano, são um tiro no pé, especialmente, do empresário Joesley Batista, que posa de bom moço, quando está enrolado até o pescoço em uma série de negociações pouco republicanas para salvar a própria pele e a do conglomerado que comanda. O episódio veio à tona na mesma semana em que, fugindo ao mínimo respeito pela instituição, chamou um presidente da República de ladrão. Desta vez, coloca em dúvida um procurador da própria PGR, dirigida por Rodrigo Janot, e o Supremo Tribunal Federal, por darem curso a supostas facilidades.

Por esse aspecto, tem razão o ministro Marco Aurélio de Mello ao cobrar a divulgação da gravação completa, pois, do jeito que foi anunciado, fica a impressão de que todos os 11 ministros podem estar no mesmo saco dos suspeitos de ilícitos apurados nas investigações, embora apenas três tenham sido citados nos trechos vazados para a imprensa na terça-feira. O procurador-geral disse que já abriu investigações, mas, até lá, estarão muitos sob o manto da suspeita fruto do grampo, em tese, involuntário, pois a primeira leitura é a de que não sabiam que estavam gravando uma reunião em que somente eles estavam presentes.

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No apagar das luzes de seu mandato, Janot passa para a sucessora Raquel Dodge um novo dado nesse longo ciclo de denúncias. Por sua vez, o Governo, como já se esperava, tentará, com base nos fatos novos, anular as denúncias que levaram o presidente Michel Temer a fazer uma ampla negociação com o Congresso para fugir do processo. Em princípio, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, isto é, são novas provas, e nada que desminta o que já foi dito até agora.

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Na República do Grampo, fica claro que nem tudo foi dito na primeira denúncia do procurador. Os empresários abriram o jogo, mas tomaram cuidado para saírem como vítimas, e não parte ativa de um jogo em que todos ganhavam. Menos a sociedade.

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