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NOVO ITAMAR

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As recentes afirmações do vice-presidente da República, Michel Temer, levam dúvidas ao Governo e às próprias ruas, uma vez que ora demonstram uma possível ambição pelo cargo da presidente Dilma Rousseff, ora se mostram próprias de um pacificador, um bombeiro pronto para apagar os incêndios provocados pelas crises. Na primeira vez, no início de agosto, abordando a situação econômica, cometeu o ato falho de dizer que o país precisava de alguém com capacidade de reunificar todos. As especulações apontaram para um novo Itamar, isto é, apto a substituir a presidente num momento em que a governabilidade estivesse em xeque. Quando Collor caiu, Itamar assumiu, reunificou o país e os partidos e mudou a cara da economia com a implantação do Plano Real. Temer seria esse fator de mudança? Ele desmentiu, mas não engoliu as críticas dos aliados.

Na noite de quinta-feira, em palestra para empresários, foi enfático: é difícil a presidente Dilma Rousseff resistir até o fim do mandato com a popularidade em baixa como a registrada atualmente em pesquisas. O vice disse ainda que nada poderá fazer se o índice de aprovação do Governo não subir. O fim de semana prolongado poderá amenizar o impacto da declaração, mas a percepção que fica passa necessariamente não apenas pela plateia – a maioria empresários paulistanos – mas também pela aproximação de Temer com o grupo peemedebista mais crítico ao Governo. Nos últimos dias, quando assumiu o protagonismo da articulação política, a presidente tirou o vice de cena, mas o que poderia ser um gesto de poder tornou-se um problema.

Embora não conspire, como enfatiza, com declarações pontuais de resistência, o vice-presidente não ajuda em nada a governabilidade. Ao contrário, suas idas e vindas incentivam outras dubiedades exatamente num momento em que o Governo, acuado por um Congresso rebelde, precisa de união de sua base. Mesmo com uma oposição que não sabe direito o que fazer, o fogo amigo torna-se um indutor de mais incertezas.

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