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Impasse no caminho

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O desembarque do União Brasil do projeto de construção de uma terceira via – do qual também participavam os partidos MDB, PSDB e Cidadania – terá direta repercussão na formatação de um nome capaz de contrapor-se à polarização cada vez maior entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O dirigente do UB, Luciano Bivar, disse que será montada uma chapa pura, certamente encabeçada por ele, que em nada vai ajudar os defensores do caminho do meio. Ao contrário, será mais um divisor de águas, embora as apostas indiquem que ele não terá sucesso em sua empreitada. Por sua vez, os demais partidos continuam sem rumo e, nos últimos registros do Tribunal Superior Eleitoral, todos lançaram candidatura própria. O MDB, mesmo com resistências internas, vai com a senadora Simone Tebet, enquanto os tucanos registraram a candidatura do ex-governador João Doria.

Ao fim e ao cabo, até mesmo esses projetos são incertos. Doria até topa ser vice de Tebet, mas uma parcela do MDB está pendendo para o palanque de Jair Bolsonaro. No ninho tucano, o candidato referendado pela prévia ainda tem que resolver pendências internas. Os mineiros capitaneados por Aécio Neves insistem na ideia de dar a Doria um prazo que se esgota no fim deste mês, para alcançar, no mínimo, 6% das intenções de votos. Nas últimas pesquisas, ele ainda esbarrava na metade. O deputado mineiro, que tem forte ascendência sobre o diretório estadual e é um desafeto pessoal do dirigente paulista, também terá que contornar alguns impasses. Sem Doria e com o ex-governador Eduardo Leite recolhendo as armas, quem seria o nome a apoiar?

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As próximas três semanas serão emblemáticas para formatação dos acordos resultantes da Federação de partidos, que deve ser oficializada até o dia 31 de maio. Pelo andar da carruagem, antes disso, haverá novidades. Ciro Gomes, que andou apartado das negociações da terceira via, ganha relevância, por ser o único, até agora, a se aproximar da casa dos 10%, mas é um player que impõe dificuldades nas conversas por seu próprio estilo de fazer política.
Ademais, os partidos que fazem negociações no cenário nacional ainda encontram dificuldades nos estados, pois nem sempre os diretórios regionais aceitam as definições da cúpula, já que o interesse paroquial prevalece. Em Minas, por exemplo, os tucanos ainda não sabem se apoiam a reeleição do governador Romeu Zema ou se lançarão candidatura própria. O nome do ex-deputado Marcus Pestana voltou à pauta como um eventual candidato. Provocado, ele disse que não foge à luta a despeito de estar indo muito bem na iniciativa privada.

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Como já foi destacado neste mesmo espaço, e em mais de uma ocasião, o eleitor fica à deriva nesse processo, pois pouco sabe das propostas dos pré-candidatos. Até mesmo entre os grandes partidos a discussão é rasa, não se sabendo de fato o que é possível fazer para superar os problemas de ordem econômica. A inflação é um dado real e, enquanto o Governo tenta domá-la, e ao mesmo tempo abre a caixa de bondades, a oposição passa ao largo. Critica, mas não indica o que pode ser feito de diferente.

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