A morte brutal de quatro crianças numa escola-creche em Blumenau (SC), na manhã desta quarta-feira, chocou o país e acendeu o alerta nas escolas por ser um episódio que já teve ensaios em outras regiões. Há uma semana, um adolescente de apenas 13 atacou colegas de classe e matou uma professora de 71 anos, que tinha a educação como missão de vida. Outros casos de ameaça foram registrados pelo país afora, inclusive em Juiz de Fora, que teve o viés de trote, mas preocupou as famílias e as autoridades públicas.
Com o advento das redes sociais, o tráfego de informações distorcidas encurtou o caminho para episódios como estes, já que os autores, ora se inspiram em outras experiências que perpassam o mundo digital, ora reagem a ações que vão do preconceito ou a qualquer outro tipo de segregação. São muitas as causas que só por meio de muitos estudos serão desvendadas. No episódio da semana passada, a própria escola rejeitou a proposta de presença de policiais no seu entorno, mas em outras, os pedidos esbarram na falta de efetivo para cobrir tamanha demanda.
O Governo Federal anunciou, nesta quarta-feira, que um grupo de trabalho intersetorial vai criar um comitê para discutir políticas de combate à violência nas escolas. Dele farão partes representantes dos ministérios da Educação, Justiça, Segurança Pública e Direitos Humanos.
Por seu turno, a Federação Nacional de Escolas está se mobilizando para implementar ações de valorização da vida nas escolas públicas e particulares. Na pauta, a cobrança para aumento de medidas protetivas para garantir a segurança das crianças.
O depoimento do autor da barbárie ainda não foi tornado público, mas ele, após tal tragédia, se entregou aos policiais. As quatro crianças que sobreviveram ao atentado devem ter alta hospitalar ainda nesta quinta-feira, mas tanto elas quanto seus familiares vão precisar, necessariamente, de acompanhamento psicológico. Um trauma de tal monta produz repercussões permanentes se não for tratado.
Da mesma forma, é preciso que todas as instâncias públicas e privadas envolvidas no processo de educação coloquem a matéria em suas agendas, a fim de evitar a naturalização de episódios como esse. Nos Estados Unidos há uma cultura de violência que produz tragédias sazonais. Causam indignação e medo, mas continuam ocorrendo. O Brasil não precisa e nem pode aceitar réplicas desses crimes.
A discussão deve, pois, ser um compromisso também da instância política, por meio dos parlamentares – municipais, estaduais e federais -, representantes da população graças à procuração obtida nas urnas. Não há margem para qualquer tipo de alheamento, sobretudo por ser a omissão o pior dos males quando há em cena crimes tão bárbaros.
É quase certo que a ampliação das penas deve ingressar na pauta do Congresso, mas este não é único caminho. Paradoxalmente, um deles é a própria educação, ora atacada, que pode espraiar suas conclusões para outras áreas.