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Polarização mineira

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Pelo andar dos números e pelo desempenho dos pré-candidatos, a terceira via na sucessão mineira também está longe de acontecer. A natural busca pela reeleição do governador Romeu Zema e as articulações do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, apontam para uma polarização mineira. Líder nas pesquisas, o governador tem enfrentado dificuldades na Assembleia, na qual suas matérias, sobretudo as de maior relevância, têm encontrado dificuldade de tramitação. O debate mais emblemático passa pela Lei de Recuperação Fiscal de Minas. O texto continua parado nas comissões e, a despeito de sua importância para o Estado, não avança.

O prefeito também não encontra céu de brigadeiro na sua relação com a Câmara Municipal de BH. Os vereadores fazem uma dura oposição ao seu governo e já apresentaram diversos pedidos de impeachment, que, no entanto, não avançaram.

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Esses enfrentamentos, porém, têm um lado positivo: os dois políticos continuam capitalizando a atenção dos mineiros, enquanto os demais pré-candidatos ficam à margem das discussões. Daí, não haverá surpresa se as duas lideranças ignorarem os demais personagens e partirem para o enfrentamento direto. Os primeiros ensaios, aliás, já podem ser vistos. O governador reforça o discurso pragmático de gestão enquanto o prefeito se mostra como um homem voltado para as causas populares num relacionamento direto com as ruas.

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Na entrevista à Tribuna e à Rádio Transamérica, na última sexta-feira, ficou clara a intenção de Kalil de se diferenciar de seu opositor. Mostrou-se próximo do palanque do ex-presidente Lula e, sem meias palavras, disse que Zema está diretamente ligado ao presidente Bolsonaro.

Tal estratégia só beneficia os dois, por replicar na esfera estadual o embate nacional que continua sendo centro de atenção dos eleitores. Não haverá surpresas, portanto, se o PT desistir da candidatura própria em Minas e os tucanos firmarem pé na trincheira de Zema.

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É fato que a política, como as nuvens do ex-governador Magalhães Pinto, muda de posição a cada momento, dependendo, inclusive, da janela partidária – já aberta – e das federações, mas é hora de as organizações empresariais, populares e políticas se apresentarem no jogo. Não em cima de palanques, mas em torno de demandas da região que devem ser levadas aos candidatos.

Muitas, aliás, já foram apresentadas, mas é necessário que a região, num momento em que os candidatos mais precisam do eleitor, reforce os pleitos. Na entrevista, Kalil lamentou a situação do Hospital Regional. O que pretende fazer se for ele o eleito? O governador, por sua vez, em torno da mesma questão, já antecipou o uso de recursos da Vale do Rio Doce para conclusão da obra. Quando isso vai ocorrer?

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As perguntas são mais importantes do que as respostas, mas sua formulação deve ser feita em comum acordo, para não só ganharem peso, mas também para ter a garantia de execução.

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