As convenções partidárias só começam na segunda metade do ano e a janela partidária, que permite troca de partidos sem riscos para o mandato, se abre apenas em março, mas os pré-candidatos à Prefeitura de Juiz de Fora começam a fazer os primeiros ensaios. É fato que a maior parte das ações ocorre nos bastidores, na formatação de alianças e na busca de apoio, mas vários nomes já ensaiam discursos nas redes sociais como forma de se apresentar ao eleitor.
Na edição de domingo, a Tribuna mostrou o perfil de diversos personagens. O repórter Hugo Netto vasculhou as redes sociais e colheu dados do próprio jornal para fazer as primeiras apresentações. Alguns são personagens de outros pleitos ou já tiveram mandatos na Câmara Municipal ou no Congresso Nacional e Assembleia Legislativa. Como eleição é um processo “highlander”, isto é, só pode ser um, ou uma, os demais ficam com um capital político a ser usado nas eleições de 2026, pois é certo que muitos desses personagens também têm planos de retomar o mandato.
Tal postura faz parte do processo por ser um jogo de ganha- ganha: para os políticos, por manterem seu nome em evidência, e para os partidos em razão de uma candidatura majoritária aumentar os votos de legenda e, por consequência, mais chances de ganhar cadeiras na Câmara Municipal. No pleito de outubro estarão em jogo 23 vagas e quanto mais votos de legenda melhor, já que o quociente eleitoral, ante a nova formatação do Legislativo, deve cair. As apostas são de 12 mil a 13 mil votos.
O eleitor ainda não se entusiasmou com os debates por ter, no momento, outras prioridades e por saber que só após as convenções e início da propaganda eleitoral será possível, de fato, conhecer o perfil dos candidatos. Mais do que isso, terá meios para saber o que têm em mente numa eventual vitória. Hoje, todos, com exceção da prefeita Margarida Salomão, vão se apresentar como antagonistas da gestão, com críticas frequentes, mas sem, de fato, ter um diagnóstico do que ocorre no Executivo.
As eleições municipais têm peculiaridades próprias. O eleitor apresenta preocupações paroquiais, voltadas para demandas de seu bairro ou de sua rua, o que não acontece numa disputa de viés nacional.
No entanto, desde 2018, quando começou a polarização, a política ganhou configuração ideológica, fomentada tanto à direita quanto à esquerda. Com isso, até mesmo as disputas para câmaras e prefeituras ganharam uma agenda que sempre ficou fora dos palanques. Com o incremento das redes sociais, ficou mais fácil entabular o a favor ou o contra sem entrar em detalhes administrativos.
Mas se equivocam os candidatos que acham ser o discurso a única forma de convencer o eleitor. A despeito desse novo cenário, quem não tiver propostas factíveis correrá o risco de ficar pelo meio do caminho.