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Sob o olhar do mundo

editorial
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Embora vários estados já tenham realizado a votação, os americanos escolhem nesta terça-feira o sucessor ou a sucessora do presidente Joe Biden em uma das disputas mais acirradas dos últimos anos. Donald Trump, do partido Republicano, e Kamala Harris, do Democrata, chegam tecnicamente empatados. Ressalte-se que o sistema americano é distinto do Brasil. Vence quem obtiver mais votos nos chamados estados-chave. Quando se elegeu, em 2016, Trump teve menos votos do que Hillary Clinton, mas obteve mais votos nos maiores colégios eleitorais.

Os americanos se dividem em razão das incertezas e da própria leitura da sua sociedade: Kamala tem maioria entre as mulheres, enquanto a maioria dos homens vota em Trump. A pauta moral tem peso expressivo, uma vez que a democrata tem uma postura assertiva em torno do aborto, ao contrário do republicano, que se situa no campo ultraconservador.

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São justificadas as preocupações globais envolvendo a maior democracia do planeta, ante a possibilidade de o resultado pautar a agenda de outros países. No último domingo, o ex-presidente Jair Bolsonaro postou uma enfática defesa de Trump sob o argumento de que sua vitória representa o retorno de políticas que ele defendeu em seu mandato em torno da família e de propriedade, especialmente. Aproveitou para se apresentar como um político impedido de disputar a eleição de 2026 a despeito de não ter sofrido qualquer condenação.
Por seu turno, o presidente Lula, em entrevista a jornais franceses, destacou que a vitória de Kamala Harris é bem-vista pelo seu governo, em uma fala temerária, pois, como chefe de estado, coloca o país em um cenário antagônico ao candidato republicano. E se este vencer? Melhor seria adotar o que o país sempre fez bem: defender o discurso da não ingerência.

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O Governo teme o incremento de políticas conservadoras entre os seus opositores com o patrocínio de Trump. É uma possibilidade, mas tanto o setor produtivo americano quanto o americano não se envolvem em política partidária quando à mesa estão interesses econômicos.
Bolsonaro vê em Trump um reforço no seu discurso, mas a questão passa, necessariamente, pela Justiça brasileira e no Supremo, no qual teve a sua candidatura vetada por oito anos. O STF não se dobra ante esse tipo de pressão. Seu pleito deve ter mais sucesso no Congresso, ora de maioria conservadora, que pode aprovar algum tipo de anistia.

Democratas e republicanos têm posturas idênticas quando defendem o seu mercado interno, mas Trump é mais incisivo, uma vez que deve repetir o enfrentamento à economia chinesa e, por consequência, aos países com os quais ela tem forte relação econômica, como é o caso do Brasil. Os EUA são o segundo maior parceiro econômico do país; a China é o primeiro. O protecionismo de Trump pode refletir no agronegócio, mas não é esperado algo muito diferente da candidata democrata. A principal preocupação passa pelo aço e pelo alumínio, dois líderes das exportações nacionais, que, certamente, deverão sofrer algum tipo de restrição.

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A eleição americana é estratégica ainda pelo viés geopolítico. Trump é totalmente contra a China, mas vê com bons olhos o Governo Putin. Se ele vencer, o ucraniano Volodymyr Zelensky e a União Europeia, que o apoia, devem esperar por problemas no médio prazo.

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