Nesta segunda-feira, a pedido da deputada Sheila Oliveira (PL), a Comissão de Prevenção e Combate ao Uso de Crack e Outras Drogas da Assembleia Legislativa – da qual a parlamentar é presidente – fará uma audiência pública em Juiz de Fora para discutir o avanço do narcotráfico e de suas facções criminosas na Zona da Mata. Delegada por profissão, a parlamentar sabe do que está falando e traz seus colegas à cidade para verificarem, in loco, a preocupação da população e das próprias autoridades da região.
Não por acaso, o Tribunal do Júri da Comarca de Juiz de Fora foi convocado para julgar um réu suspeito de ser um dos líderes de uma dessas facções, que já não são mais meras especulações na cidade. Os serviços de informação têm produzido relatórios destacando uma disputa por espaço que preocupa não apenas os responsáveis pela segurança pública, mas também, e principalmente, a população, temerosa ante os danos colaterais desse enfrentamento.
Principal metrópole nas proximidades do Rio de Janeiro, Juiz de Fora tem motivos de sobra para se preocupar a despeito do trabalho das equipes de segurança de Minas Gerais. Há uma divisa porosa que permite a qualquer tempo a migração de membros de tais facções para a cidade, ora em fuga, ora em busca de mais território.
Num momento em que tanto a Polícia Militar quanto a Polícia Civil vivem a redução de seus quadros, é necessário que a instância política cobre medidas para evitar problemas futuros que costumam ser irreversíveis. O Rio vive um momento crítico, no qual nem as autoridades se entendem para combater os narcotraficantes e as milícias.
Há cerca de uma semana e meia, a capital fluminense se viu às voltas com a queima de 35 ônibus em protesto pela morte de um miliciano. Antes disso, três médicos, que estavam na cidade para um seminário, foram mortos após um deles ser confundido com miliciano – este marcado pelos inimigos para morrer. Ele foi preso na última terça-feira.
Na semana passada, Juiz de Fora sediou a 2ª Conferência de Segurança Pública, na qual foram discutidas várias ações de viés preventivo para evitar a disseminação do crime. O resultado apontou para soluções de grande relevância, uma vez que não basta a necessária repressão para mudar o panorama. União, estado e municípios têm que patrocinar projetos de viés social para integrar a sociedade em ambientes de paz.
A audiência de segunda-feira pode ser um passo adiante se não for apenas para constatar fatos. Ela deve servir para, a partir dos dados, incentivar o Estado a implementar ações em conjunto com o município para dar segurança às comunidades, especialmente as de maior fragilidade.
São necessárias várias frentes para inibir a migração do crime organizado para Minas Gerais. O estado tem uma tradição de segurança que deve ser mantida, o que só será possível se todos atuarem no mesmo propósito.