As imagens que circularam ontem pela internet, inclusive nesta Tribuna, nas quais uma mulher atravessa à frente de um trem, mesmo na iminência de ser atropelada, chocam. Por um triz ela não engrossava as estatísticas de atropelamentos na malha ferroviária, embora os números deste ano sejam menores do que os de 2015. Culpa do maquinista? Certamente, não, uma vez que parar uma composição com milhares de toneladas requer, no mínimo, de 300 metros a um quilômetro, e, no caso em questão, ela surgiu de repente.
Cenas como essa vão se repetir e servem de alerta para a retomada de outras discussões em torno da segurança dos pedestres. Cortada ao meio por uma ferrovia, a cidade irá enfrentar esse problema permanentemente. Construir passarelas é um ponto a considerar, mas a Tribuna já fez vários flagrantes de seu desuso. Em vez de perder alguns minutos em utilizá-las, boa parte dos usuários prefere o risco.
A outra discussão é a retirada da linha férrea da malha urbana de Juiz de Fora, sonho acalentado por vários gestores, que, pelos custos, é pouco provável que saia do papel. Há projetos, mas sem o dinheiro fica tudo na estaca zero, com um passivo tanto para a cidade quanto para a própria concessionária, que aumenta os seus custos quando cruza as cidades: os trens reduzem a velocidade, aumentando o consumo de combustível. Além disso, há ações trabalhistas que geram indenizações.
Na Europa, as ferrovias convivem com as cidades, mas a maioria delas está encapsulada por muros e outras contenções, evitando o acesso de pessoas na sua malha. Nas passagens de nível mais críticas, há viadutos ou túneis, facilitando a convivência. Juiz de Fora tem que discutir alternativas – em parceria com a MRS – a fim de reduzir os impactos dessa convivência, que não se restringe aos riscos dos transeuntes, afetando também a mobilidade da cidade.