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Ferramenta vital

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Com dois anos de atraso, o Censo ora em curso pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) encontra dificuldades para a sua conclusão dentro do prazo previsto para dezembro deste ano. As dificuldades, como aponta o repórter Gabriel Silva, em matéria nesta edição da Tribuna, começam pela resistência de uma expressiva parcela da população em receber o recenseador – por insegurança ou por desconhecer os objetivos da pesquisa. Ademais, a falta de orçamento ampliou ainda mais o problema, que já era grave pelos dois anos de pandemia aguda.

Ante as derrapadas dos institutos responsáveis pelas pesquisas eleitorais nas eleições deste ano, muitos recenseados ampliaram suas reservas em relação ao Censo, o que não faz o menor sentido. São situações totalmente distintas. O Censo Demográfico, realizado de dez em dez anos, é uma das principais ferramentas para elaboração de políticas públicas, pois levanta a realidade socioeconômica do país e serve de base para diversos projetos. Até mesmo para as pesquisas eleitorais, que foram a campo com suas bases de dados desatualizadas.

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O Governo é o principal interessado no Censo para implementar seus repasses aos entes federados. O tamanho da população e o perfil econômico são referências adotadas para a conexão com estados e municípios. Por sua vez, é com base no mapeamento que é possível estabelecer ações em determinadas regiões.

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O Censo, em suma, é o retrato mais fiel do país, sobretudo por ser feito apartado de qualquer interesse político. Juiz de Fora, em princípio, tem cerca de 600 mil habitantes, o que a situa entre as maiores de Minas Gerais, mas é também pelo perfil econômico que se estabelece entre os cinco municípios de maior pujança econômica de Minas. Pelo Censo é possível verificar a curva de crescimento ou de retração econômica.

Ao fim e ao cabo, não há como mover a máquina pública sem referências. O pesquisador constata a situação e a renda de famílias, o que permite avaliar o cenário das muitas regiões dos estados e do país. A Zona da Mata mineira já foi uma das mais ricas, mas as pesquisas apontam que essa situação há tempos ficou para trás, sobretudo após a retração no plantio de café e na mudança do ciclo de malharias.

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Em tempos de insegurança, é de se considerar o receio da população em receber o pesquisador, mas há meios de verificar sua idoneidade por consultas ao próprio IBGE, já que todos estão devidamente documentados. A importância do Censo vale a consulta, e se recusar a participar do processo – se virar uma tendência – não só compromete os dados como impossibilita a execução de projetos importantes para esta mesma população.

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