Na última terça-feira, quando a TV Globo e suas afiliadas fizeram o último debate com os candidatos aos governos estaduais, foi possível constatar que um velho ditado se mantém atualizado: farinha pouca, meu pirão primeiro. Ele justifica o comportamento de alguns políticos que não titubearam em contrariar, em uma transmissão ao vivo, o princípio da fidelidade partidária, isto é, ignoraram solenemente as candidaturas nacionais de seus partidos e optaram pelos cabeças de pesquisa. Em Minas, o representante do Novo, Romeu Zema, defendeu a candidatura do seu correligionário João Amoêdo, mas destacou que, para enfrentar o status quo, não via problemas em indicar também o candidato Jair Bolsonaro (PSL). Foi advertido pelo comando nacional, mas mostrou o pragmatismo das urnas.
Zema não foi o único. No apagar das luzes da campanha, candidatos a postos executivos e também do Legislativo não se importam em embarcar nas candidaturas que estão no topo das pesquisas, por verem nelas a tábua de salvação de seus próprios projetos.
O ponto desse enredo é que não há novidades. Ao curso dos anos, essa estratégia vem sendo utilizada e, em alguns casos, com sucesso, sendo suficiente para apontar a fragilidade dos partidos políticos nacionais. Além do fato de muitos deles serem praticamente sazonais, isto é, só aparecerem em períodos eleitorais, há a fragilidade ideológica, que praticamente inexiste na maioria deles. São aglomerados criados para alcançar um objetivo sem qualquer articulação com a sociedade. Daí, quando ocorre a dissidência, não há o que fazer, pois o próprio partido dá margem para esse tipo de ação.
Boa parte dos candidatos ao Executivo promete retomar o debate sobre a reforma política a partir de 2019, mas tal iniciativa deveria ser parte do discurso dos postulantes a deputado e senador, pois é no Parlamento que ela deve ser encetada. O único problema está no tempo: muitos políticos, depois de eleitos, esquecem o que disseram sem o menor constrangimento.