O processo de produção de um jornal envolve vários atores, e já houve mais gente nessa articulação, quando o mundo digital ainda estava no campo da ficção. O processo artesanal para captação de fatos e fotos do país e do exterior levava um dia inteiro, e as notas chegavam pelo telex, sem acento ou definição de maiúscula ou minúscula. Fazer a correção era pentear telex. Apesar de tantas demandas, antes de o sol raiar, lá estavam os jornaleiros nas ruas e nas bancas apresentando os fatos do dia anterior.
Com o avanço tecnológico, muita coisa mudou. Quando foi instalado o primeiro PC na redação, um 386, houve festa, pois era o fim de um ciclo romântico, mas lento, para um projeto que cortava etapas da produção. O jornal ganhou cores e, nessa modernidade tardia, recebeu a parceria – e não a concorrência – do jornal digital, com notícias em tempo real e uma linguagem diferente, capaz de atender ao consumidor apressado e pouco disposto a longas leituras.
Por isso, em vez de canibalizar o impresso, o digital tornou-se um aliado, por antecipar fatos, sob a certeza de que eles serão discutidos e ampliados na versão impressa.
Para chegar aos 40 anos, a Tribuna passou por todas essas fases e se prepara, agora, para os desafios à frente, sobretudo pela velocidade das mudanças. Praticamente tudo se tornou perecível com o advento das redes sociais e da redução do mundo a um simples clique. Hoje, o que ocorre em qualquer ponto do planeta tem repercussão imediata.
Nesse ciclo desenfreado, de novo o jornal tem um papel assertivo, pois, se há avanços, e são muitos, a implementação do tempo real também trouxe suas mazelas, como as fake news, instrumento que saiu do campo da ingenuidade para se transformar numa ferramenta de desconstrução ou promoção de biografias. E, de novo, lá está o jornal na luta para reconstrução dos fatos.
Nessas quatro décadas, a história da cidade passou pelas páginas da Tribuna. A transformação da cidade, ação (ou inação) de seus gestores e lideranças, a reação das ruas, o perfil social, nada escapou ao olhar do jornal. Mas há muito ainda a ser contado. Quando ingressou no mundo da comunicação – inicialmente pela Rádio Sociedade, hoje Transamérica Juiz de Fora -, o visionário Juracy Neves tinha como meta fazer do veículo um elemento de transformação, impulsionador de lideranças e liderados, induzindo-os a vislumbrar um futuro. O homem da planície, que não via nas montanhas um obstáculo e sim um ponto para se olhar mais longe, deixou um legado de ousadia, de amor à cidade e de certeza de que o futuro não assusta. Ao contrário, é sempre uma etapa a ser ultrapassada.