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É dando que se recebe

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Quando foi eleito pela primeira vez, o deputado Tiririca (palhaço por profissão) foi ironizado pelas redes sociais, pois seria, no entendimento da época, apenas um visitante do Congresso, aproveitando o seu prestígio como artista. No entanto, o deputado Francisco Everardo Oliveira Silva (PR-SP), seu verdadeiro nome, se diz desiludido com a política. Em entrevista ao “Estado de S. Paulo”, observou que a comédia que faz não tem nada a ver com a que assiste frequentemente no Parlamento. “Não vai mudar. O sistema é esse. É toma lá, dá cá”, afirmou. O deputado é um dos mais assíduos do Legislativo, superando as expectativas de seus críticos.

A desilusão do comediante, porém, não é a única. Há um desapontamento generalizado com a política, resultado do jogo bruto que se desenvolve nas instâncias de poder. Para sobreviver a uma denúncia da Procuradoria-Geral da República, o presidente da República colocou todas as fichas no balcão, e boa parte da instância política topou o negócio. Houve, é fato, quem votasse contra a denúncia por mera convicção, por entender ser o momento inoportuno, mas uma expressiva parcela usou a velha máxima do “é dando que se recebe”.

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Esse ceticismo coletivo, fruto desse processo de negociação que se tornou rotina na instância política – e não foi Temer que o inaugurou, sendo uma velha questão -, reflete na ligação das ruas com os partidos e com a própria política. A descrença geral é um grave problema, pois, ao soar como um protesto coletivo, dá ânimo para os que preferem o balcão, dando margem aos demagogos. A política, com todas as suas incoerências, ainda é a via mais adequada de transformação.

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Por conta disso, a melhor alternativa é responder nas urnas, elegendo personagens sérios, dispostos a atuar em nome do coletivo, em vez de somar-se aos grupos que levam para o Parlamento políticos voltados apenas para o próprio umbigo, sem qualquer compromisso com a cidadania.

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