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Pouco mudou depois da Eco-92

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Há 30 anos, o Brasil sediava o mais importante evento de discussão de políticas ambientais e em torno das mudanças climáticas. A Eco-92, na gestão do presidente (hoje senador) Fernando Collor de Mello, reuniu dirigentes de mais de cem países, entre eles adversários históricos, como o americano George Bush (pai) e o ditador cubano Fidel Castro. Até o monge Tenzin Gyatso, o 14º Dalai Lama, se deslocou do distante Tibete para apresentar suas preocupações com o clima, durante o Fórum Global que antecedeu à Eco-92.

No evento, o foco de preocupação eram as avaliações dos cientistas do que poderia ocorrer com o planeta se nada fosse feito. Foram muitas as questões levantadas e discutidas pelos presidentes.

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Três décadas depois, as previsões tornaram-se realidade. A instabilidade do clima se mostra pelo mundo afora, como chuvas cada vez mais intensas, secas prolongadas em outras regiões e descontrole na temperatura. Em Recife, mais de cem pessoas morreram vítimas de fortes temporais que voltaram a cair, especialmente na capital, nos últimos dias. Pelas previsões, só a partir deste domingo é que haveria uma trégua.

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O dado preocupante é que, a despeito de todas as advertências, o mundo andou para trás na questão climática. Num cenário de 180 países, o Brasil está na 81ª posição entre os que menos fazem. A Amazônia continua sendo o desafio de vários governos, que, ao curso de todos esses anos, só viram o desmatamento aumentar.

A questão ambiental há muito tempo deixou de ser uma política ideológica. Hoje, pelos números que se apresentam, consolidou-se como uma questão humanitária, pois as consequências afetam o mundo como um todo, com reflexos mais amplos nos segmentos menos protegidos. As chuvas torrenciais que este ano já registraram tragédias, além de Recife, Petrópolis e Angra dos Reis, são um fenômeno amplificado pela mão do homem. As vítimas, em ampla maioria, são aquelas apartadas das benesses econômicas, morando em áreas de invasão ou em encostas.

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A Eco-92 também advertiu para a poluição. Já naquele tempo se falava na despoluição da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, um dos cartões-postais do país. Nada foi feito. O tema voltou à agenda durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2012, mas pouco aconteceu. Ao contrário, ela continua recebendo os dejetos dos esgotos da cidade do Rio de Janeiro e dos municípios em seu entorno. Diariamente, são cem toneladas de lixo.

A questão central é o distanciamento entre o discurso e a prática. Junho é marcado pela discussão ambiental, e nesses eventos a constatação é única: todos conhecem os problemas, mas a solução continua sendo um desafio de governos e da própria população, que, em gestos simples, como descartar o lixo de forma irregular, também contribui para deterioração do meio ambiente.

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