Em comunicado emitido nesta quinta-feira, a Organização das Nações Unidas (ONU) alertou para a grande possibilidade de o fenômeno El Niño acontecer ainda este ano, gerando consequências que serão sentidas em 2024. As temperaturas globais devem bater novos recordes. O secretário-geral da Organização Mundial, Petteri Taalas, advertiu que o mundo deve se preparar para a onda de calor e outros efeitos, como secas severas em Austrália, Indonésia e partes do sul da Ásia, além de aumento das chuvas em América do Sul, Estados Unidos, África e Ásia Central. Este ano, embora não haja registro do El Niño, no Brasil, a Região Sudeste, especialmente, registrou um dos seus maiores volumes de chuvas dos últimos anos.
Pelos dados da ONU, divulgados pelo jornal “O Globo”, o fenômeno está relacionado ao aquecimento provocado por ações humanas. E, aí, voltamos à velha discussão em torno do efeito estufa, que entra na agenda de todas cúpulas sobre meio ambiente e não produz efeito pela inação dos próprios participantes. Desde Kioto, passando pela conferência de Glasgow – esta no ano passado -, todos os diagnósticos apontam para o descontrole na emissão de gases.
A discussão tem sido mais bem encaminhada no segmento privado, sobretudo entre os agrupamentos empresariais que têm sua gestão enquadrada no modelo ESG. Trata-se do acrônimo ESG, do inglês, “Environmental, Social and Governance”, um conjunto de padrões e boas práticas que visa definir se uma empresa é socialmente consciente, sustentável e corretamente gerenciada. É uma forma de medir o desempenho de sustentabilidade de uma organização cujas preocupações também deveriam chegar ao setor público, sobretudo na questão de sustentabilidade.
Ao fim e ao cabo, fica claro que a saída é conhecida, mas sua execução tem forte resistência nos estados nacionais, mais voltados para o próprio umbigo, sem se importarem com as consequências, sobretudo no meio ambiente.
O Brasil voltou a ser player ambiental, mas ainda está longe de medidas de longo prazo para virar o jogo e, pelo histórico de inações, também paga a conta. A despeito de ser um dos pulmões do mundo, por meio da Floresta Amazônica e de outros biomas, também é afetado pelo El Niño. O início de 2023 foi marcado por temporais em várias partes do país, como os registradas no litoral paulista, que culminaram com inundações, desabamentos e um saldo de mais de cem pessoas mortas.
O mês de maio, quando as temperaturas começam a cair, e as chuvas, a ficarem mais escassas na Região Sudeste, continua fora da curva. O calor permanece, e as chuvas, embora tenham naturalmente migrado para o Norte e o Nordeste, ainda não se afastaram da região.
O alerta da ONU é um dado real, bastando avaliar o histórico do El Niño e suas consequências. As cidades, especialmente, devem estar prontas para enfrentar as próximas intempéries, a fim de, pelo menos, mitigar eventuais danos ante a força das águas ou o extremismo das secas.