Quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso encaminhou ao Congresso a mensagem que previa a reeleição para os cargos executivos – presidência da República, governos estaduais e prefeituras – o discurso que justificou a iniciativa passava pela possibilidade de o bom gestor concluir suas metas, o que até então era impossível num mandato de apenas quatro anos. O primeiro debate envolvia a repetição do mandato Sarney, que teve a duração de cinco anos, mas sem reeleição. FH, no entanto, defendia um mandato consecutivo e teve a aprovação do Congresso. Ele já disse, por mais de uma vez, que a reeleição traz mais problemas do que solução.
Um dos aspectos é o modo de ação dos políticos. Mal tomam posse para um mandato e já estão pensando no segundo, o que impulsiona ações muitas vezes apartadas da meta primária, para agradar eventuais aliados e à própria arquibancada. É, também, matriz de ações populistas ficando apenas para o segundo mandato a tomada de decisões que, de fato, interessam ao país.
Com Lula há apenas três meses no cargo, já estão em curso em vários fóruns discussões envolvendo as eleições de 2026. Pesquisas já avaliam o humor das ruas em torno dos novos atores e vários personagens, como se fosse uma comédia “só pensam naquilo”. Nessa terça-feira, o jornal “Valor Econômico” destacou discussões em torno da terceira via, que, de acordo com pesquisas e especialistas, visa quebrar a polarização entre o presidente Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Os números indicam que, por enquanto, esse espaço está vago, embora vários nomes façam parte de potenciais candidaturas. De acordo com a matéria, haverá uma nova formatação só a partir de um eventual impedimento de Bolsonaro, se for considerado inelegível pela Justiça, ou desistência do atual presidente por um quarto mandato.
O jornal elenca diversas nomes, entre eles atores de 2022, como a senadora Simone Tebet, e os governadores de Minas, Romeu Zema; de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.
A formação de lista é a prova material de um fato que deveria ser postergado, por colocar em dúvida as ações dos indicados. “Estariam fazendo isso ou aquilo pensando na presidência? Sem a reeleição não haveria suspeita de ações em torno de eventuais sucessores, embora seja uma prática incomum no Brasil e em todas as instâncias. Os políticos no poder não expõem os seus “preferitis” com a mesma ansiedade de quem busca uma reeleição.
Há motivos para tal prudência por conta do jogo de poder que ocorre nos bastidores da política. Escolher um significa desagradar outros e isso não é prudente no início do mandato. Há suspeitas é fato: o governador Romeu Zema, ao trazer seu vice o professor Mateus Simões, sinaliza que este deve ser o nome de sua preferência, mas não passa disso, por saber que muita coisa ainda pode ocorrer na política.
Os nomes indicados ficam mais na especulação do que nos fatos, sobretudo quando há concorrência no mesmo campo. Os governadores de Minas e de São Paulo trocam elogios, mas sabem que no campo da direita vai prevalecer a máxima “highlander”: só pode ter um. O jogo, pois, ainda não começou.