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Compromisso democrático une os três poderes

editorial
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Tão logo terminou a reunião com os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), e do Senado, Davi Alcolumbre (União), o presidente Lula, em rápida declaração aos jornalistas, disse: “Eu sou amigo dos dois, tenho conhecimento do compromisso democrático que os dois têm e eu quero dizer para eles que não terão problemas na relação política com o Poder Executivo”. A conferir.
Quando a ex-presidente Dilma Rousseff cumpria ainda o seu primeiro mandato, o deputado Eduardo Cunha era um dos políticos mais citados na relação com o poder. No entanto foi o mesmo Cunha, como presidente da Câmara, que acelerou o processo de impeachment e a votação do processo que culminou com a cassação do mandato da primeira mulher a presidir o Brasil.
O ex-presidente Jair Bolsonaro, nos seus primeiros dois anos de mandato, também esteve às turras com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, ante a visão da política distinta que sustentava desde os tempos em que ambos conviviam na Câmara Federal. A convivência foi difícil sob todos os aspectos e só não se prolongou porque Maia, além de ter encerrado o período na presidência, desistiu de disputar a reeleição para deputado.
A convivência do presidente Lula com o ex-presidente da Câmara Federal Arthur Lira teve um viés pendular. Em determinados períodos, eram aliados, sobretudo após conversas a sós no Planalto – após algum impasse. No entanto o Governo teve sérias resistências ante o estilo do deputado alagoano, que jogava também com os adeptos do ex-presidente Jair Bolsonaro, colocando o pé nas duas canoas.
Tanto o atual presidente da Câmara quanto o do Senado obtiveram votos de todos os setores do Legislativo, o que aponta que, mesmo não sendo adversários do Governo, também não serão aliados de primeira hora. Alcolumbre leva para o Senado a mesma carga que Lira utilizou na Câmara Federal. Motta, de apenas 35 anos, deve ir pelo mesmo caminho pendular já pensando no seu futuro político.
O presidente usa do seu encantamento para atrair os dois parlamentares, mas sabe que só amizade não basta para resolver as demandas do país. Enquanto a economia mantiver um cenário incerto, a despeito de todos os números positivos dos dois anos de mandato, o Congresso não dará qualquer tipo de garantia ao Governo.
Ademais, os próximos dois anos terão o componente eleitoral como um problema a mais. Os parlamentares estarão com os olhos voltados para a suas bases, o que depende, pois, do desempenho do Governo em atender às suas demandas. Isso nem sempre é possível, o que permite o incremento das emendas impositivas, o bode na sala da discussão envolvendo o próprio Governo, o Legislativo e o Supremo Tribunal Federal.
Na abertura dos trabalhos do Judiciário, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, tendo ao lado o presidente da República e os dois parlamentares presidentes das casas Legislativas, enfatizou a harmonia e a independência dos poderes, mas unidos pelos princípios da Constituição. “Faremos coisas boas”, disse, mas avisou que os ministros têm legitimidade para decidir as “questões mais complexas e decisivas da sociedade”. Recado dado.

Presidentes da Câmara e do Senado são próximos do presidente, mas, pelo respaldo de todos os partidos, deverão manter uma postura mais voltada para o Parlamento

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