A nova onda de Covid que já afeta Europa, Ásia e Estados Unidos preocupa as autoridades sanitárias brasileiras por conta dos eventos de fim de ano, normalmente marcados por grandes aglomerações. Os especialistas alertam para tal possibilidade e pedem cuidado da população.
É fato que lidar com percentuais só faz sentido quando se trata de grandes números, mas, em São Paulo, por exemplo, houve um aumento de 86,5% nas internações nas UTIs, a partir do dia 17 de outubro, e 46% nas internações em leitos, de acordo com o jornal “Folha de S. Paulo”.
Há dados que induzem a esse tipo de preocupação. Um expressivo número de brasileiros não tomou a quarta dose da vacina, e importante parcela sequer se permitiu participar de qualquer etapa do processo de imunização, se escudando, especialmente, em informações que apontam para imunização em massa ou em medicamentos cuja eficácia já foi contestada pelo mundo afora.
O número de mortes despencou, se comparado ao de 2021, mas nada autoriza dizer que a Covid é um tema do passado. Mesmo abaixo dos índices que a classificam como pandemia, há, ainda, um longo caminho a ser percorrido para considerá-la extinta. Ademais, num mundo globalizado, não basta o país fazer o dever de casa se outros estados nacionais continuam registrando a contaminação.
Ninguém quer o retorno do isolamento, cuja repercussão na economia e na saúde mental da população foi uma grave realidade, nem há motivos para colocá-lo em questão, mas é prudente que se tomem precauções mínimas para impedir uma nova onda. A principal delas é evitar grandes aglomerações, sobretudo quando elas são desnecessárias. Os estádios voltaram a receber torcidas, e o uso de máscara foi abolido em todo o país, mas não há margem para dizer que tudo está zerado.
Doenças de grande escala sempre carecem de atenção das autoridades sanitárias e da comunidade. Aqui mesmo neste espaço foi discutida a situação dos casos de dengue, que se acentuam após o período das chuvas. Seu enfrentamento é menos penoso, bastando cuidados simples, tais como evitar depósitos de água que permitam a proliferação do Aedes aegypti, mas nem isso está sendo feito em uma parcela expressiva da população.
A posição do Governo a ser empossado em 2023 deve ser mais assertiva em alertar a população para os cuidados a serem tomados, sem que isso signifique qualquer embargo para o atual cenário, no qual a vida voltou à normalidade. Se mantiver os serviços de imunização e convencer a população a dele participar, já terá avançado para o tal esperado momento no qual será possível dizer que a Covid acabou.