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O voto do STF

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O julgamento do habeas corpus do ex-presidente Lula, nesta quarta-feira, pelo Supremo Tribunal Federal, capitaliza as atenções da opinião pública por conta do próprio viés que se estabeleceu no país nos últimos anos: o nós contra eles, que dividiu o debate e formou, sobretudo nas redes sociais, um espaço de enfrentamento com fortes doses radicais. O resultado é imprevisível a partir do comportamento dos próprios ministros, alguns deles com postura pendular, e pelo último placar de seis a cinco, bastando apenas um deles mudar o voto para reverter a questão. Na véspera, o STF foi inundado por manifestações de vários setores cobrando uma decisão firme, a fim de dar fim ao cenário de incerteza forjado pela própria Corte.

A repercussão da votação – que pode até se estender até esta quinta-feira – é outro ponto em avaliação. Nessa terça-feira (3), pelo país afora, foram montados vários postos de manifestação, fruto da mobilização das redes sociais e de alguns partidos políticos. O que se espera, porém, é que, mesmo com direito a protesto, esses sejam feitos sob o signo da serenidade. O país não comporta permanecer durante tanto tempo sob esse cenário maniqueísta que não ajuda em nada nem a lado algum, sendo apenas uma inflexão que mantém acesa a discussão sem perspectiva de uma saída.

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Ainda em Portugal, onde estava até a manhã de terça-feira, o ministro Gilmar Mendes, centro de todos os olhares, disse que, seja qual for a decisão do STF, o país irá se tranquilizar, em vez de se tornar um campo de enfrentamento. Há controvérsia, por tratar-se de um ministro que durante todo esse período jogou mais gasolina do que água na fogueira, com votos que causaram constrangimento e concessão de liminares para notórios autores de atos ilícitos.

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A presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, a quem cabe dirigir a sessão, tem chamado a atenção para o que virá pela frente, dado que outros setores também têm colocado sobre a mesa. A economia começou a reagir no ano passado, mas o setor produtivo, ante tantas idas e vindas, colocou o pé no freio, por não saber como serão os próximos meses até as eleições de outubro.

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