A elevação do status de Moreira Franco no Governo, para ministro na Secretaria Geral da Presidência da República, chega num momento inoportuno, pois soa como uma carta de alforria a um assessor citado por mais de uma vez na operação Lava Jato. Com isso, num eventual prosseguimento da ação, ele terá foro privilegiado, cabendo ao Supremo Tribunal Federal acompanhar o caso.
Além desse gesto, o Governo, mesmo carecendo de quadros nesse sentido, também errou na mão ao criar novos ministérios. No ano passado, o próprio presidente Temer reduziu o número de pastas, por considerar que havia ministro demais e demanda de menos. Não chega aos números da gestão Dilma Rousseff, mas contraria a própria lógica de seu mandato, que caminhava na direção de enxugamento da máquina.
No início de seu mandato tampão, o chefe do Governo tinha o estilo idas e vindas, recuando em decisões que causavam reação nas ruas, mas o que já se pensava estar superado aparece de volta em sua agenda. Para atender a interesses políticos, ele contraria o próprio discurso, restando saber qual será a próxima ação num momento em que se cobra pulso firme da Administração para enfrentar os desafios.
A economia dá bons sinais, mas o gestor tem que apontar assertivamente para o que pretende fazer até o final de 2018. Caso contrário, mesmo eivado de boas intenções, acabará provocando a volta da incerteza dos investidores, um dos nós que emperraram o país nos últimos anos.