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Medidas conectadas

editorial
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A redução do número de acidentes na malha ferroviária que passa por Juiz de Fora, na contramão do que ocorre no restante do Estado e em São Paulo, pode ser atribuída às medidas tomadas pela MRS, concessionária que teve suas ações prorrogadas por um novo período, e também pela conscientização da população, que tem melhor percepção dos riscos nas passagens de nível. Em algumas delas são disponibilizados agentes que alertam aos mais distraídos ante a aproximação dos trens. Nas redes sociais há imagens de pessoas sendo alertadas, tendo suas vidas salvas por milésimos de segundo.

Mas há margem para a discussão, sobretudo por conta da renovação da concessão e suas contrapartidas. Na passagem da Rua Benjamin Constant já está em andamento a construção de um novo viaduto, que vai se somar a outros tantos construídos nas últimas décadas para facilitar a mobilidade e, por extensão, o trânsito de pedestres. Mas chegará um momento que a linha deve ser totalmente encapsulada na sua área urbana, como já ocorre, sobretudo, na Europa. Não há acesso aos trilhos, o que hoje ainda é comum no Brasil não só por incautos, que desconhecem os riscos, mas também para o descarte de lixo.

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Ao final de todo o processo de construção de viadutos e melhorias nas passagens de nível, espera-se benefícios mútuos, pois estarão assegurados a segurança e a mobilidade. A empresa também poderá até aumentar a velocidade dos trens sem o risco de acidentes, o que teria reflexos no seu próprio tráfego e consumo, já que velocidade baixa implica em maior consumo de combustível.
Diversos setores da cidade ainda sustentam a discussão pela retirada da linha férrea da área urbana e aproveitamento dos trilhos para a implantação de um metrô de superfície. Seria o melhor dos mundos não fossem os custos. As projeções apontam para a sua inviabilidade imediata, embora seja uma pauta que pode continuar à mesa.

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Trata-se, no entanto, de uma questão complexa, a despeito de, em princípio, ser boa também para a concessionária, que se desvencilharia das demandas que tem com a cidade. Hoje, quando o governo mantém sua prioridade nas rodovias, a discussão não vai avançar.

O fechamento dos acessos à linha férrea, a construção de viadutos, ou túneis, são, em princípio, suficientes para vencer os gargalos próprios das metrópoles, embora a solução seja bem mais ampla, envolvendo outros aspectos, como o excessivo número de veículos automotivos que transitam pelas ruas.

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A mesma Europa que mantém a prioridade nos trens, tem discussões intensas sobre a retirada dos carros das áreas centrais da cidade, ora com proibições, ora com cobrança de salgados pedágios para desestimular o uso dos automóveis.

São soluções conectadas com outras demandas. Tirar os automóveis implica em melhorar o transporte público, e melhorar o transporte público passa, necessariamente, por investimentos que não podem e nem devem sair do bolso dos usuários com aumento de tarifas. Há consenso em torno de financiamento do sistema, mas ante ações pretéritas, tais processos são confundidos com benefício aos empresários. Ledo equívoco. Se gerenciado com transparência, ganham todos.

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