A palavra de ordem desses novos tempos é empoderamento, a ação social coletiva de participar de debates que visam potencializar a conscientização civil sobre os direitos sociais e civis e que está dando um novo norte nas relações. As mulheres, especialmente, estão rediscutindo o seu papel na sociedade e colocando em pauta questões que o universo masculino se recusa a agendar, a começar pelas relações de trabalho e ocupação de espaço, especialmente nas estruturas de poder. Na política, o caminho ainda é árido, pois, a despeito de ser maioria no estrato social, o sexo feminino ainda não replica a mesma proporção nos parlamentos. Até mesmo as cotas definidas pela legislação são preenchidas com dificuldade, mas o pior resultado ainda está nas urnas.
Mas o grande contraste desse movimento é visto no cenário policial, no qual Juiz de Fora não é exceção. Nos últimos meses, principalmente, o número de ocorrências em que mulheres são vítimas da violência se multiplicou. E não se trata apenas da perversa lista de agressões envolvendo a estrutura familiar. Nas ruas, o noticiário tem sido pródigo em apontar casos escabrosos, como o da última segunda-feira, quando uma jovem de 26 anos foi encontrada jogada em uma valeta apresentando sinais de queimaduras e outras lesões. Tal era a gravidade que ela perdeu um braço e um seio, ficando marcada física e psicologicamente para sempre. Na mesma semana, uma jovem de 13 anos foi esfaqueada perto de sua casa. A suspeita recai sobre um ex-namorado. Nos roubos de celular, muitos foram os casos em que os autores foram além da subtração do bem. Dedicaram-se também a ferir, como ontem, no Bairro Cascatinha.
Mais do que nunca, o empoderamento se faz necessário, pois só com discussões e envolvimento coletivo será possível reverter tal quadro. É fato que a violência não olha gênero, mas, em se tratando de mulher, alguns componentes são perversos, por conta de sua fragilidade física, que as faz potencialmente mais visadas pelos criminosos. Mas a discussão tem que ir adiante, induzindo a ampliação da legislação. A Lei Maria da Penha foi um grande avanço, porém, nos demais crimes, tais agressões deveriam ampliar a qualificação dos autores.