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Perigo à vista

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Em meio ao conflito russo-ucraniano, passou despercebido para uma expressiva parcela da população o mais recente relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Ele adverte que a crise da mudança climática, a perda de biodiversidade e a poluição são interligadas e colocam sob “risco inaceitável” o bem-estar das gerações atual e futuras.

O estudo chama a atenção para o papel de estados nacionais, empresas e pessoas na reversão do que chama de pior impacto do declínio ambiental, transformando rapidamente os principais sistemas, incluindo energia, água e alimentos, para que o uso da terra e de oceanos se torne sustentável. E há sentido na advertência, pois, se nada for feito, um expressivo número de cidades estará submerso pelas águas do mar nos próximos cem anos.

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Também existem consequências para a saúde, com cerca de um quarto das doenças decorrendo de riscos relacionados ao meio ambiente. A poluição do ar causa até sete milhões de mortes prematuras por ano. Ainda de acordo com o relatório, “os riscos ambientais, como ondas de calor, inundações, secas e poluição, dificultam os esforços para tornar as cidades e outros assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis”.

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Quando destaca a responsabilidade coletiva, o Programa das Nações Unidas é enfático ao apontar que ninguém está isento da obrigação de trabalhar a favor da natureza. Ela própria tem dado claros sinais de descontrole. As chuvas de fevereiro, que voltaram a levar morte e dor à Região Serrana do Rio de Janeiro e em outras partes do país, são um claro sinal de que nem tudo está no lugar.

Quando o país se prepara para uma eleição nacional, é necessário exigir que partidos e políticos coloquem a questão ambiental em sua agenda. A questão climática não é uma pauta apartada de outros problemas, sobretudo ante as suas consequências.

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No espaço local é possível avançar, e muito, se houver envolvimento coletivo. É próprio cobrar do Executivo a tomada de uma série de medidas, mas muitas delas podem ser resolvidas no próprio espaço familiar. A ocupação desordenada de áreas de risco, o descarte irregular de lixo e o desmatamento sem qualquer tipo de controle têm forte repercussão no aspecto global quando somados.

As consequências são múltiplas. A população global duplicou, para 7,8 bilhões. A prosperidade também dobrou, mas cerca de 1,3 bilhão de pessoas continua na pobreza, e 700 milhões passam fome. O encadeamento de tantos fatores não pode ficar distante das políticas de médio e longo prazo. A atual geração já experimenta os primeiros impactos, mas, no futuro, a conta pode chegar a níveis irreversíveis para a própria humanidade.

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