A intervenção federal no Rio de Janeiro adicionou mais um tema ao debate eleitoral que já se faz presente pelo país afora: a segurança pública. Os pré-candidatos à Presidência da República e aos governos estaduais serão convidados a expor suas ideias e o que pretendem fazer caso ganhem a confiança do eleitor. O tema é espinhoso, sobretudo por exigir uma agenda permanente dos agentes do Estado. Ao curso das últimas décadas, vários planos de segurança foram apresentados com metas de curto, médio e longo prazo. A maioria não saiu do papel.
E é por conta dessas idas e vindas que a população vê com certo ceticismo – apesar de aprovar, segundo pesquisas – a intervenção. Talvez por isso o próprio interventor está sendo econômico no discurso, por saber das discussões anteriores.
Desde a redemocratização do país, os planos de segurança têm sido meros esboços para agradar a audiência. As metas anunciadas não foram cumpridas, e a situação, por sua vez, só se agravou.
Na última quinta-feira, o presidente Michel Temer chamou os governadores a Brasília para dizer que haverá um financiamento da ordem de R$ 42 bilhões para reequipar as polícias dos estados. Mas, antes mesmo de saírem da sala, os governadores criticaram a iniciativa, porque os recursos não serão liberados imediatamente, embora o problema já esteja nas ruas.
O que Brasília não diz é a extensão de suas ações. A repressão por si só tem impacto imediato, gera sensação de segurança, mas não é perene. O Rio, foco do problema, já viveu situações semelhantes na Eco 92, na Copa do Mundo, nos Jogos Olímpicos e na criação das UPPs, mas foram projetos isolados, que não foram seguidos por outras medidas
Os pretendentes aos cargos públicos de 2018 serão convidados a discutir o tema, e alguns deles já estão falando, mas é vital que adotem um discurso consistente, pois o povo se cansou de promessas e já sabe discernir o que é de fato possível fazer e o que se situa apenas no campo das elucubrações.