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O novo relator

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O ministro Edson Fachin, novo relator da operação Lava Jato, chegou ao Supremo sob a desconfiança da oposição e até mesmo de parte da opinião pública, única e exclusivamente, por ter sido indicado pela presidente Dilma Rousseff e ter fortes ligações com os movimentos sociais. Não se questionou sua competência e, muito menos, a sua honorabilidade. Suas primeiras decisões – uma delas acolhendo denúncias contra o Governo -, mesmo não tendo revertido impressões, deixaram claro que seguiria os passos do colega Teori Zavascki, outro indicado do ciclo petista e que se notabilizou pela discrição e competência. A bola, agora, está com Fachin, a quem cabe levar adiante a principal investigação sobre as relações pouco republicanas entre público e privado, que já levaram para a cadeia notáveis próceres do andar de cima.

Desatado o nó, o presidente Temer tem que indicar rapidamente o novo ministro, para completar o STF, a fim de serem acelerados os trabalhos em torno da operação. Pelas primeiras sondagens, as delações dos executivos da construtora Odebrecht vão enfocar, principalmente, o mundo político, o que fará do STF a instância de julgamento. Daí, a importância de o time estar completo.

No meio disso tudo, tornou-se pauta recorrente a divulgação dos depoimentos, a fim de se darem nomes aos bois. As ruas querem conhecer tais personagens, enquanto os supostos citados entendem ser a única forma de se defenderem, uma vez que teriam acesso ao teor completo das denúncias, e não apenas a dados próprios de vazamentos – alguns até seletivos. É o caso do senador Aécio Neves, citado numa dessas delações por um dos executivos da construtora. Para ele, trata-se de café requentado, daí sua preferência para que se divulgue tudo, a fim de facilitar sua defesa.

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Tal postura está, agora, nas mãos do ministro relator, mas é preciso avaliar com cuidado para não dar à Lava Jato um viés de espetáculo, quando o que se espera são investigações profundas e a consequente punição aos comprovadamente culpados. Quando se faz de um evento um espetáculo, há sempre o risco de vitimização. Os políticos são hábeis o suficiente para lidar com tais situações, se apresentando como mártires de um elenco sem fim de denúncias, quando o que se procura, na verdade, é punir culpados e, principalmente, ressarcir os cofres públicos dos muitos milhões que deles foram subtraídos.

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