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Risco permanece

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Com o avanço das pesquisas e o consequente surgimento de novos medicamentos, doenças até bem pouco tempo consideradas letais passaram para as listas de controladas, isto é, sem tratamento, continuam matando. Com acompanhamento, não alteram a vida do paciente. É o caso da Aids. Nos anos 1980 e 1990, matou milhares de pessoas pelo mundo afora, induzindo a sociedade a mudar comportamentos. Se antes os riscos se prendiam a doenças venéreas, a Aids subiu o patamar de risco. Só que, com o advento de remédios mais modernos e campanhas de conscientização, a taxa de letalidade caiu até mesmo em países nos quais tinha contornos de tragédia.

Foi um avanço, mas, paradoxalmente, produziu uma perversa consequência. Os jovens, principalmente os da geração que não viu os dramas do século passado, relaxaram no cuidado.Dessa forma, os números voltaram a crescer. No Brasil, conforme a Unaids – Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids) -, de 2006 a 2015, a taxa de detecção de casos de Aids entre jovens do sexo masculino com idades entre 15 a 19 anos quase triplicou (de 2,4 para 6,9 casos por cem mil habitantes) e, entre os jovens de 20 a 24 anos, a taxa mais do que dobrou (de 15,9 para 33,1 casos por cem mil habitantes).

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Com a luz de alerta acesa, vários segmentos enfatizaram campanhas de esclarecimentos, a fim de reverter esse perverso dado estatístico. Em Juiz de Fora, como a Tribuna já destacou, vários setores se mobilizaram, como foram os casos dos médicos infectologistas Ronald Roland e Sérgio Henrique de Oliveira Botti, que, numa mesa de debates mediada pelo professor Bruno Sitgert, alertaram que os jovens precisam, de novo, passar por um processo pedagógico de informação sobre a doença. O discurso “a Aids não tem cura mas tem tratamento e, portanto, não mata” é perigoso para as políticas de prevenção que devem ser incentivadas. O número de jovens infectados é extremamente preocupante, sobretudo por ser fruto de uma arrogante desinformação. A cura da Aids ainda tem um longo caminho pela frente, daí a necessidade de não se cometerem abusos.

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Mesas de reflexões éticas e jurídicas sobre sexualidade, como a que foi realizada no campus, são fundamentais para impedir o avanço da contaminação. Além desse modelo de discussão, as redes sociais devem servir para implementação de debates de amplo espectro, pois atingem todos os públicos. Num tempo de enfrentamentos e conversas de surdos, nas quais todos falam e ninguém escuta, há espaço na rede mundial para uma questão tão relevante. A Aids mata, e suas consequências não se esgotam no infectado, daí a necessidade de manter o tema na agenda do mundo digital, a fim de garantir que, mais bem informados, os jovens, os principais usuários das redes, saibam que é possível se divertir sem se colocar em risco.

 

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