Em mensagem pelo Dia Internacional do Idoso, a Organização das Nações Unidas destacou a importância do “envelhecer com dignidade: a importância de reforçar os sistemas de cuidado e de apoio aos idosos em todo o mundo”. Proposta importante, uma vez que, como destaca o próprio documento, “à medida que as populações envelhecem, os sistemas de cuidados e de apoio são vitais para que os idosos continuem a envolver-se ativamente e a enriquecer as suas comunidades.”
A ONU reconhece que nem todos os países têm políticas para a terceira idade e os que desenvolvem tais projetos ainda precisam ampliá-los por força dos próprios dados: a população global está envelhecendo e o número de idosos cresceu exponencialmente pelo mundo afora. Foi-se o tempo em que uma pessoa era considerada idosa aos 50 anos.
Esse crescimento tem suas perversidades ante o pouco acesso aos serviços de assistência, o que aprofunda ainda mais a desigualdade e aumenta as vulnerabilidades.
O atendimento aos idosos é pauta recorrente nas campanhas políticas, mas a realidade brasileira aponta para a necessidade de tirar tais ações do papel não apenas com campanhas públicas de combate ao etarismo, mas também com a geração de empregos. O idoso de hoje tem um perfil distinto do velho dos anos passados. Ele, se em condições de saúde adequadas, é ativo e deve ser mantido no mercado de trabalho respeitadas as competências. Em alguns países, são oferecidos incentivos fiscais para empresas que contratam idosos.
A ONU se compromete em incentivar políticas públicas que implicam em investimentos em infraestrutura para “cuidados formais de longa duração”. Tal medida deve, necessariamente, implicar em tornar as cidades amigáveis para a terceira idade, sobretudo na acessibilidade. O tempo dos sinais e a qualidade das ruas e das calçadas devem ser adequadas a esse público que não fica mais à frente da TV, cumprindo o vaticínio de Raul Seixas, esperando a morte chegar.
Nesse novo perfil, o idoso é ativo e cobra políticas que atendam as suas demandas. Não é, de fato, uma tarefa fácil. É, sim, mais um dos muitos desafios da pós-modernidade que merece a atenção das instâncias políticas.
No chamado primeiro mundo são desenvolvidos programas de saúde integral e acessíveis aos idosos, com ênfase na prevenção de doenças destacando, ainda, a relação entre cuidados institucionais e familiares, que devem estar em plena harmonia.
O Brasil avançou em algumas áreas, como o Saúde da família e cobertura previdenciária, cuidados de longa duração e até habitação adaptada, mas é necessário ir além, como na Suécia, onde a atenção primária à terceira idade é bem mais estruturada, com apoio, também, aos cuidadores familiares. O idoso deve ser incentivado a ter um envelhecimento ativo, o que implica no necessário acesso às novas tecnologias. Há, pois, muito a ser feito.