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Alerta amarelo

editorial-moderno
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Quem voltar o olhar à noite para o Morro do Imperador verá o Cristo iluminado por uma luz amarela simbolizando uma ação que se repete anualmente, sempre em setembro, de discussão e implementação de projetos de combate ao suicídio. Durante muito tempo, fazer tal abordagem nos veículos de comunicação era vedado, ante o entendimento de, em havendo divulgação, incentivar o gesto contra a própria vida. Esse entendimento mudou, como tantos outros que perpassam o dia a dia das cidades. Até velhos adágios passaram por reformulação: em briga de marido e mulher, não se mete a colher. O entendimento, hoje, é inverso: em briga de marido e mulher, se mete a colher, pois é a forma mais adequada para se evitarem consequências mais graves.

O suicídio passa pelo mesmo processo. Discuti-lo tornou-se uma questão prioritária diante de tantos casos registrados pelo mundo afora. A pandemia, que levou a população ao recolhimento, também teve sua influência, sobretudo, nos danos mentais, cujos reflexos foram notados no aumento de tais ocorrências. Mas antes dessa tragédia sanitária já havia discussões importantes sobre como enfrentar uma questão de tamanha relevância.

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A sociedade precisa ser esclarecida sobre o problema, pois, em razão da ignorância, muitos casos foram consumados. O suicídio não é um ato imediato, como um insight. Ele é construído no decorrer do tempo, fruto, especialmente, da depressão. Os estereótipos sociais levaram, durante anos, a uma distorção da análise de comportamento. A depressão não é frescura nem um ato voluntário. Ela é uma doença a ser tratada com medicamentos, e ter atenção para os sinais é o primeiro sinal para enfrentar suas consequências.

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Entender a extensão do problema e buscar informações sobre como enfrentá-lo tornou-se uma demanda coletiva, a ser iniciada, prioritariamente, dentro dos próprios lares. Se houver atenção aos comportamentos e avaliação do que pode ser feito, os reflexos serão positivos.

Por isso, quando se ilumina a principal referência turística da cidade, não se trata apenas de uma decoração. É, sim, um alerta para que o tema não passe ao largo das discussões. Debater a saúde mental, graças a atitudes importantes como as da ginasta Simone Biles ou da tenista Naomi Osaka, que resolveram quebrar a redoma que envolve, especialmente, atletas de alto desempenho, foi um passo importante, sobretudo para apontar que ninguém está isento de passar por esse flagelo.

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