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Resgate de Itamar

editorial
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Na semana passada, encerrada no último domingo, o Brasil celebrou os 30 anos do Plano Real, um marco histórico que pôs fim à inflação descontrolada no país. Foram realizados simpósios e a equipe técnica foi convidada a falar do projeto que deu fim à inflação no Brasil. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso recebeu a equipe econômica por ele liderada, mas pouco ou quase nada foi dito sobre o ex-presidente Itamar Franco. A exceção foi o artigo do jornalista Elio Gaspari, que lembrou que Itamar foi o principal responsável ao apostar em FH e na sua equipe. Não fosse isso, o ex-presidente, que leva as honras de pai do Real, teria sido, provavelmente, deputado federal, enquanto os técnicos estariam até hoje escrevendo teses econômicas.

Gaspari fez justiça ao lembrar Itamar Franco, que foi crucial para o sucesso do Plano Real. No entanto, a mídia frequentemente ignora seu papel, como observado nas recentes comemorações. Alguns críticos chegam a dizer que ele quase colocou tudo a perder. O ex-ministro da Economia, Rubens Ricúpero, que caiu após ser pego num vazamento de um áudio, também defende Itamar e lembra que caiu por ter a língua solta e não por ter feito qualquer bobagem quando estava à frente da equipe.

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O dado real é o resultado do projeto. FH virou presidente da República e a inflação uma peça do passado. Os 30 anos entre o hoje e a implementação do projeto devem servir de reflexão, sobretudo para os novos agentes econômicos que vivem vaticinando o retorno da crise. Antes do Real, foram apresentados vários projetos e nenhum deles deu certo, embora, num primeiro momento, tenham dado pistas de resolver o problema.

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Os planos Cruzado um e dois, por exemplo, ensaiaram um controle da economia, mas não avançaram. O povo foi às ruas e os fiscais do Sarney fecharam lojas e supermercados que, no seu entendimento, estavam contrariando as metas traçadas pelo projeto. A solução, no entanto, só ocorreu em 1994.

Uma expressiva parcela da população desconhece o que era a fase aguda da inflação, quando os preços mudavam no decorrer do dia e quem tinha recursos ganhava dinheiro especulando no overnight – uma taxa de juros que mudava na virada do dia. O poder de compra da população era ínfimo e o setor produtivo que não investia na especulação, tinha dificuldades para levar seu negócio adiante.

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A economia está sob controle, mas é preciso manter as taxas dentro de patamares consolidados. Os juros definidos pelo Banco Central, em 10,5%, são bons para quem aposta, mas preocupantes para os demais segmentos mesmo estando dentro das metas.

Manter a economia sob controle é vital para a democracia. Os agentes econômicos devem estar vigilantes para garantir um mercado seguro e evitar retrocessos autoritários, especialmente em tempos de incerteza.

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