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Jogo antecipado

editorial
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A inviabilização da candidatura do ex-presidente Jair Bolsonaro para as eleições de 2026, ante a sua inelegibilidade decretada pelo TSE – cabe recurso ao Supremo Tribunal Federal -, deve antecipar a discussão que estava reservada para o período pós- eleições municipais de 2024: quem ficará com o seu legado? As pesquisas recentes apontam pelo menos três nomes capazes de capitalizar os votos da direita: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, a ex-primeira- dama, Michele Bolsonaro, e o governador Romeu Zema, nesta ordem. No entanto, o próprio Bolsonaro, em visita a Belo Horizonte, onde foi para os funerais do ex-ministro Alysson Paulinelli, disse que o governador de Minas é uma boa opção, mas para 2030, 2034 ou 2038. Para o próximo pleito, não.

É fato que a política está sempre sujeita aos ventos, sobretudo com tamanha antecedência. Ademais, o atual mandatário, Luiz Inácio Lula da Silva, está apenas há sete meses no cargo e falar na sua sucessão soa prematuro, mas a discussão a ser deflagrada não envolve necessariamente o seu mandato. A questão é quem será o herdeiro do espólio de Bolsonaro com capacidade de ganhar corações e mentes de seus seguidores.

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Trata-se de uma inevitável discussão que terá no PL o seu principal indutor. O partido, com a maior bancada no Congresso Nacional, sabe que terá que manter o ânimo de Bolsonaro, para garantir a militância em campo. A segunda questão é como vão atuar os eventuais herdeiros. O governador de São Paulo tem adotado medidas próximas ao campo bolsonarista, enquanto seu colega mineiro ainda tem demandas internas a resolver.

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Romeu Zema, que trocou sua articulação política, com a indicação do deputado Gustavo Valadares (PMN) para a secretaria de Governo, tenta ampliar sua base na Assembleia Legislativa para aprovar pautas que lhe são caras. No entanto, terá – como já ocorre – que fazer concessões. O novo secretário passou longe do processo seletivo do Novo, partido ao qual o governador é filiado e seu mais ilustre filiado.

Fazer by pass sobre o pleito municipal pode não ter consequências acentuadas, mas os partidos também sabem que eleger prefeitos e vereadores é estratégico para formatação de cadeiras nas assembleias, no Congresso Nacional e para fortalecer os próprios candidatos majoritários. Ao fim e ao cabo, definir o herdeiro é importante, mas de nada valerá a escolha se não houver uma base sólida para lhe dar respaldo no próximo pleito.

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No caso mineiro, o governador, a despeito de ter flexibilizado a sua articulação, ainda tem no Novo a sua principal referência. Se não houver contratempos, ele estará na cidade na próxima semana para dois eventos consecutivos. No dia 7, lideranças da região devem estar em Juiz de Fora para um evento meramente partidário. No dia seguinte, a pauta envolverá outros segmentos, sobretudo do setor produtivo, que tem sido um parceiro desde a sua primeira eleição.

Zema sabe, também, que não adianta eventos paroquiais, já que tem respaldo garantido. Seu projeto deve envolver a nacionalização de seu nome, a fim de ganhar competividade com seu colega de São Paulo cuja visibilidade é bem mais nítida não só por comandar o estado mais rico do país, mas também por ter sido um dos mais bem-sucedidos ministros de Bolsonaro.

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