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O dia seguinte

editorial moderno
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Com a vida voltando ao normal, agora, é preciso avaliar o que foi a greve dos caminhoneiros que, durante 11 dias, paralisou o país, com a população – de novo ela – refém da insatisfação de um setor que agiu, em boa parte, em nome de patrões do que da própria categoria. A greve teve o viés pedagógico de apontar a dependência nacional por um único modal, a despeito de ter uma das maiores redes hidroviárias do mundo e ferrovias abandonadas, fruto da política de se construir estradas na contramão do primeiro mundo em que o trem, mesmo com o avanço do sistema rodoviário, é, ainda, uma importante opção de transportes.

Mas a greve serviu também para apontar a fragilidade do Governo, que só percebeu a extensão do movimento quando ele já estava na sua fase mais crítica. Por falta de estrategista e de ter uma equipe de segunda linha, o presidente da República foi levado a fazer concessões que terão um custo posterior. A primeira delas é tirar recursos da área social para cobrir o déficit a ser formado com a redução do preço na bomba do óleo diesel.
Chegou a ser estranho que numa greve em que os combustíveis foram a principal matriz da crise, não se ouviu um só pronunciamento do ministro de Minas e Energia, Moreira Franco. Todo o discurso oficial se centralizou no ministro de Governo, Carlos Marun, pouco afeito ao bom trato, que atua mais no estilo trator. O entorno do presidente da República mostrou o que as ruas já sabem: não tem competência para ocupar os postos que preenche em decorrência dos acordos políticos para manter a base no Congresso.

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E foi exatamente essa fraqueza que deu ênfase ao discurso de “fora, Temer”, que reuniu adeptos à direita e à esquerda, numa aliança inédita de oportunismo. Com seis meses de Governo que lhe restam, afastar o presidente é um contrassenso, que cabe mais no discurso do que na prática. O que deve ser colocado em prática, agora, é o projeto dos postulantes à Presidência da República, pois um deles, graças ao jogo democrático das urnas, irá dirigir o país nos próximos quatro anos.

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