A retomada das obras do Hospital Universitário, sob a perspectiva de inauguração em 2026, a partir da ordem de serviço a ser assinada pelo presidente Lula, na quarta-feira (7), é de extrema relevância para a cidade e para a região, mas também joga luzes numa questão que se arrasta há pelo menos 15 anos em Juiz de Fora: o Hospital Regional. Idealizado pelo Governo tucano, ele faz parte de um conjunto de hospitais espalhados pelo estado afora.
Cessado o ciclo do PSDB no Governo, as obras pararam e as poucas que foram retomadas ainda não foram concluídas. A unidade de Juiz de Fora está à mercê do tempo sem data para ser reiniciada a despeito de todos os trâmites burocráticos terem sido cumpridos. O Governo de Minas vai utilizar – e já está utilizando – recursos resultantes da indenização paga pela Vale do Rio Doce, após a tragédia de Brumadinho.
debate a ser conduzido em Juiz de Fora precisa entrar na agenda dos atores governamentais e empresariais, devido a uma evidente observação: a metrópole já possui uma eficiente estrutura hospitalar. A Unidade do HU, desde sua inicial projeção, é apta para prestar serviço a Juiz de Fora e seu entorno.
Existe a demanda de duas instituições com o mesmo propósito? Não seria mais proveitoso direcionar os investimentos do Hospital Regional para a expansão e aprimoramento das unidades de saúde do próprio estado, como o João Penido – para citar este caso? Servindo à mesma população consumiriam fundos destinados a outros estabelecimentos que, indubitavelmente, estariam em perigo de entrar em colapso.
A decisão de investir em um novo hospital ou melhorar a infraestrutura dos já existentes é, de fato, uma questão complexa e que envolve vários fatores. Portanto, a atenção primária é fundamental e pode desempenhar um papel crucial na melhoria do sistema de saúde, sobretudo por incluir cuidados preventivos, promoção da saúde e tratamento de doenças em estágios iniciais. Ela é fundamental para manter a população saudável e reduzir a necessidade de tratamento hospitalar. Investir na atenção primária pode ser mais eficaz a longo prazo, pois previne agravamentos de doenças e reduz a demanda por hospitais.
Seria razoável que, antes da retomada das obras do Hospital Regional, que se avalie a capacidade e eficiência dos hospitais existentes, bem como sua capacidade de absorver a demanda. Melhorar a estrutura e a qualidade das unidades atuais pode ser uma alternativa viável.
Quando se faz esse tipo de discussão é necessário fazer projeções de médio e longo prazos. Se os números apontarem que há meios para absorver a atual e próximas demandas é viável melhorar o que já tem. Caso contrário, aí sim, que se leve o processo adiante. A decisão deve ser baseada em dados concretos.
A construção de hospitais por si já é cara, mas o seu custeio é a etapa mais crucial. Nas primeiras discussões sobre a retomada das obras do Regional, o governador Romeu Zema chegou a anunciar que iria buscar parcerias privadas para tocar o projeto. Deu deserta a procura.
Muitos países têm experiências de sucesso ao reduzir a carga sobre os hospitais melhorando a saúde da população. Para tanto, combinar a atenção primária, hospitais e serviços de especialidade pode ser a forma mais eficaz para atender às necessidades da população.
Colocar todas essas questões na mesa é a forma mais adequada para analisar os dados, sobretudo por não haver uma resposta única para essa a questão.
Ao fim e ao cabo, a decisão de investir em um novo hospital versus melhorar a atenção primária e a infraestrutura hospitalar existente deve ser baseada em uma análise completa das necessidades da região, custos envolvidos e evidências de eficácia.
A retomada das obras do HU abre espaço para se discutir a necessidade, ou não, de se concluir o Hospital Regional, quando ambos têm o mesmo foco