A recente prisão do banqueiro André Esteves, do Pactual, ora transformada em preventiva – não há data para a sua libertação -, chama a atenção não apenas pelo fato em si, uma vez que ele estava nas conversas do senador Delcídio do Amaral, mas pelos elos que estão se apresentando em conexões até então inimagináveis. O que teria este caso recente com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, cujo processo de admissibilidade deve ser julgado hoje pela Comissão de Ética? Em princípio, nada, mas o seu nome surgiu num manuscrito apreendido pela Polícia Federal na casa do chefe de gabinete do senador, no qual está escrito que o banqueiro pagou R$ 45 milhões ao deputado e a outros parlamentares do PMDB em troca de mudanças de uma medida provisória de interesse do banco.
É certo que o fato de estar escrito não quer dizer que o episódio ocorreu, mas é muita coincidência que a MP existe e foi aprovada com benefício direto ao banco de Esteves. O presidente da Câmara achou a questão um absurdo, mas ele também, quando disseram que tinha contas na Suíça, fez a mesma cara de surpresa, declarando diretamente aos seus pares que não era verdade.
As conexões nas instâncias de poder são amplas, uma vez que os interesses acabam se encontrando em algum ponto. Quando se acha o fio da meada, muitas pessoas deixam de dormir, pois sabe que há a possibilidade de ser descobertas nesse jogo interminável de interesses. A questão a saber é até onde vão esses escândalos. Até agora, o que resta a todos é a surpresa de como tais redes foram montadas sem que se soubesse das tramas desse infindável bastidor.