Na edição do último domingo, a Tribuna apontou as dificuldades encontradas pelos recenseadores e as consequências da resistência popular, fruto do desconhecimento em torno da pesquisa. Neste mesmo espaço, foram discutidos os efeitos colaterais quando as ações são tomadas de forma aleatória e a importância de se trabalhar com números reais. Na terça-feira, a Prefeitura, em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU), encerrou a primeira etapa do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-Habitat). Nessa etapa, os dados levantados por pesquisadores foram utilizados para uma avaliação primária das condições de regiões de vulnerabilidade da cidade.
Em entrevista à Tribuna, o secretário de Planejamento do Território e Participação Popular, Martvs das Chagas, destacou que a segunda fase do programa servirá para aplicação do perfil socioeconômico da população juiz-forana. “Será feita uma pesquisa domiciliar por amostragem, que vai tratar de temas como educação, renda, trabalho, esporte, cultura, lazer, acesso a serviços públicos, habitação, saúde, violência e outros.”
Assim como os dados do IBGE servem para traçar o perfil da população, a fim de facilitar a implementação de políticas públicas, o programa para assentamento humano passa pela mesma questão. É preciso conhecer a realidade das cidades – nas quais tudo acontece – e a situação da população. Os municípios acumulam desafios, e só com informações seguras é possível enfrentá-los com eficiência. O Poder Público não pode simplesmente agir aleatoriamente, sob o risco de não obter resultados esperados e, sobretudo, fazer investimentos equivocados.
Os dados da pesquisa, por exemplo, devem apontar de forma exata a situação da mobilidade urbana. São informações que vão além do noticiário, que já mostra dificuldades extremas para os usuários. As cidades surpreendem por serem diversas. Por serem heterogêneas, exigem dos dirigentes ações distintas, o que só é possível quando há informações sobre tais diferenças.
A campanha eleitoral, mesmo tendo o cenário nacional como foco, é emblemática para o eleitor, pois é possível detectar o conhecimento dos candidatos – inclusive para os postos legislativos – sobre as reais demandas da população. Há, é fato, boas intenções, mas elas não se sustentam quando são colocadas em prática pelo simples viés demagógico. A res publica exige atenção, por ser um próprio coletivo com interesses diversos. As demandas da Zona Norte não são as mesmas da região Sul, e muito menos do que querem os moradores da Cidade Alta e do Centro da cidade. O único consenso é a necessidade de atenção diária, e isso só é possível quando há base para dar à cidadania uma resposta eficiente.