Por meio de um comercial de um de seus patrocinadores, o jogador Neymar Júnior reapareceu no vídeo fazendo um desabafo. Pediu desculpas pelos seus exageros em campo, mas destacou que é caçado pelos adversários com agressões de toda a sorte. Disse que vai mudar, pois tudo isso faz parte do seu amadurecimento.
Provavelmente, haverá mudanças em suas atitudes dentro do gramado, mas o comercial, por outro lado, soou como um tiro pela culatra, pois teve um forte viés de falsidade. Não no que disse, mas pela forma. Usar um instrumento de venda de um produto, para o qual foi regiamente pago (e muito bem pago) para dar satisfação, especialmente aos torcedores brasileiros, foi o pior caminho.
Com o gesto, o jogador reforça a imagem de que não mudou nada e que só tomou tal atitude porque recebeu para isso. Só a marca ganhou. Os torcedores não querem um caça às bruxas, pois sabem do seu potencial e da sua capacidade de virar o jogo, mas ele deve fazer isso dentro do gramado ou numa conversa direta com a população sem respaldo do marketing.
O que ora ocorreu não é novo na vida do jogador. Já utilizou-se de um comercial para também comentar um episódio com seu então técnico Dorival Júnior, mas deve desculpas a outros que gostariam de vê-lo com a sobriedade de Messi e com o distanciamento dos holofotes como tantos outros grandes jogadores – alguns até maiores do que ele – que também cometeram os seus pecados, mas souberam dar a volta por cima.
O que atletas como Neymar não percebem — e o papel dos assessores é mostrar tais distorções — é que suas atitudes não se esgotam em si mesmas. Eles são referência para jovens que também sonham com o sucesso e que, diante do exemplo, entendem que falsear nos gestos ou ignorar as críticas é uma estratégia positiva.
É fato, sim, que houve exageros nas críticas e que ele é agredido sistematicamente por adversários que não aceitam os seus dribles desconcertantes, mas, para o seu próprio bem e para o futebol brasileiro, o jogador precisa avaliar as consequências de seus gestos. Afinal, tem bola e não precisa disso.