Com a abertura da cratera no km 21 da rodovia MG-133, entre Tabuleiro e Rio Pomba, os moradores das cidades pertencentes às microrregiões de Ubá, Viçosa e Ponte Nova, na Zona da Mata mineira, que precisarem se deslocar até Juiz de Fora, devem seguir pela MG-353, no percurso por Piraúba, passando por Guarani, Rio Novo, Goianá até Coronel Pacheco, onde retomam o trajeto normal. A alteração do trajeto já impactou a rotina dessas comunidades, principalmente para trabalhadores e pacientes em tratamento de saúde, que tiveram o tempo de viagem prolongado. Os municípios que integram a rota alternativa sentem os efeitos do aumento de fluxo de veículos e temem as consequências diante da fragilidade das vias utilizadas, muitas vezes ruas pequenas, que comportam pouco movimento.
Na última quarta-feira (29), no horário de pico, a rodovia MG-353 enfrentou congestionamento de cerca de três quilômetros na altura de Guarani. “O trânsito está muito lento, pois o fluxo de veículos aumentou 80%”, disse o prefeito de Guarani, Paulo Neves (PV). A cidade, que está em estado de emergência por causa das chuvas, se preocupa com as condições da pavimentação. “O asfalto não está acostumando a receber veículos pesados, sobretudo, carretas.” Os automóveis que passam pelo município, localizado entre Rio Novo e Piraúba, precisam utilizar uma ponte de mão única, construída sobre um antigo pontilhão que servia à estrada de ferro.
Em Goianá, o aumento do movimento impactou diretamente a rotina da população. “Os veículos estão passando numa área em que temos um comércio forte, e os moradores estão habituados a pararem os carros para fazerem as compras, já que o tráfego no local costuma ser bastante calmo. Com esta mudança no fluxo, nós sinalizamos toda a área para que as pessoas não estacionem por ali a fim de evitar acidentes”, explicou o prefeito Estevam de Assis Barreiros (PCdoB). Quem passa pela via principal de acesso à MG-353, além de automóveis, pode perceber o trânsito de charretes, ciclistas e motociclistas.
Saúde e educação
De acordo com a Prefeitura de Rio Pomba, muitos moradores da cidade realizam tratamentos de saúde em Juiz de Fora. “Fazemos duas viagens diariamente. Com o uso desta rota alternativa, temos saído uma hora mais cedo para que as pessoas cheguem a tempo dos horários marcados. Isto aumenta o cansaço e, também, o custo da viagem”, explica o secretário de Administração, Vinícius Leal Faria.
Segundo ele, a expectativa é de que o acesso alternativo na MG-133, por meio de uma propriedade particular, seja providenciado em breve. “Na próxima semana, além dos pacientes em tratamento de saúde, teremos os estudantes que também se deslocam diariamente para Juiz de Fora. São cerca de 40 alunos.”
Impacto na rotina de quem se desloca diariamente
O corretor de consórcios Rômulo Pedrosa tem uma rotina de viagens diárias de Tabuleiro, cidade onde mora, para Juiz de Fora, onde trabalha. No primeiro dia após a abertura de cratera na MG-133, ele conseguiu evitar o deslocamento, mas o cotidiano comum volta a partir desta sexta-feira, quando terá que passar pelos municípios da rota alternativa. “É o acesso mais distante, mas não tem outra forma. Eu preciso ir de qualquer jeito.”
Com o aumento do percurso, a viagem ficará mais cara. No entanto, o impacto no orçamento será atenuado com a divisão de custos entre pessoas conhecidas que têm compromissos em Juiz de Fora. “Outros moradores de Tabuleiro vão e voltam todos os dias também. Mas não é tão simples, porque fica um dependendo do outro na questão do horário.”
O analista de qualidade Lucas Nepomuceno, que também mora em Tabuleiro e trabalha em Juiz de Fora, destaca outros impactos na rotina dos moradores. “O custo da viagem aumenta muito, assim como, a depreciação dos carros. A situação impacta a nossa qualidade de vida, pois é sair mais cedo e chegar mais tarde em casa. Eu também me preocupo se precisar de atendimento médico, pois o percurso é muito mais demorado.”
A advogada Mayra Carlota Gonçalves conta que a viagem de Tabuleiro a Juiz de Fora que era feita em uma hora tem demorado duas horas e meia. “O tempo mais do que dobrou e os custos com combustível aumentaram também. Ficar sem este acesso (na MG-133) compromete totalmente a vida da gente, pois trabalhamos em Juiz de Fora, somos obrigados a achar alternativas. Estamos esperando a possibilidade do acesso pela propriedade particular para que a gente não fique tão prejudicado até a solução do problema.”
Construção de alternativa para o tráfego
Há uma série de medidas que são pensadas para melhorar o fluxo entre as cidades afetadas. De acordo com o prefeito de Tabuleiro, Dauro Martins (PP), uma das opções seria usar um terreno do lado da via que cedeu. “Estive no local com os responsáveis pelo Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais (DER- MG) e verificamos que o terreno é firme. Então, se o chefe do DER liberar, podemos fazer um tubulão (fundação profunda de concreto) e aterrar, como um desvio lateral mesmo.”
De acordo com o prefeito, entre as vantagens dessa solução, está manter a mesma distância para as viagens até Juiz de Fora, sem a necessidade de grande alteração no trajeto. “Precisaremos fazer o tubulão e socar a terra para fluir o trânsito por esse local. Essa opção seria, inclusive, a mais rápida. Não é difícil de fazer. Tem caminhão, tem outros equipamentos, inclusive de outras cidades, como Rio Pomba, que podemos usar para esse fim. Agora é esperar a avaliação do DER.
DER-MG não tem previsão
A Tribuna entrou em contato com a assessoria do DER-MG, que informou apenas que “já sinalizou o trecho e a opção de rota para o deslocamento entre Ubá e Juiz de Fora é seguir pela MG-285, até Piraúba e depois pela MG-353, até Coronel Pacheco. O Departamento está estudando a melhor solução para recuperar o local.” Não foi dada previsão de quando a rodovia MG-133 será recuperada e nem a confirmação sobre a construção do acesso alternativo.
Buracos na pista
Enquanto uma solução definitiva não é tomada, o caminho alternativo pela MG-353 se tornou foco de atenção. O problema, segundo o comandante do Pelotão Rodoviário da Polícia Militar, tenente Júlio César Almeida, é que a via concentra muitos buracos. Como ela tinha pouco fluxo de veículos até então, não tinha entrado na programação das operações de tapa-buracos. Agora, com o aumento do tráfego, a intenção é que a rodovia receba melhorias, embora no momento, não seja possível prever quando o serviço poderá ser executado.
O tenente Almeida explica que a recomposição asfáltica que era feita por Juiz de Fora aguarda o desenrolar da licitação e depende do apoio de outros municípios, como Varginha e Três Rios, no caso de sinistros, como o ocorrido na MG-133. Além disso, com as chuvas, as usinas de asfalto não podem funcionar. “O DER tem conhecimento desse problema com os buracos, está respondendo aos questionamentos que chegam a respeito, mas precisam que as condições sejam favoráveis para que o serviço seja executado.”