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Audiência debate condições de trabalho no setor moveleiro em Ubá

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Beatriz Cerqueira (PT/MG) e Betão (PT/MG) participaram da audiência pública ontem em Ubá (Foto: Guilherme Bergamini)
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Uma audiência pública realizada em Ubá nessa quinta-feira (29) levantou discussões sobre as condições de trabalho no município, sobretudo do setor moveleiro, área importante para a economia da cidade da Zona da Mata. Os números regionais de acidentes de trabalho, as consequências da reforma trabalhista realizada sob o governo de Michel Temer e a saúde mental dos funcionários foram assuntos destacados durante o encontro. O debate aconteceu na Câmara Municipal ubaense, mas foi promovido pela Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Participaram os deputados estaduais Roberto Cupolillo (Betão – PT) e Beatriz Cerqueira (PT), além de representantes sindicais de empresários e trabalhadores, e um titular do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) de Ubá. “Há denúncias, por parte dos sindicatos, na questão da segurança do trabalho. Muita gente com mutilações, que é inerente ao tipo de trabalho que eles fazem. A gente estava observando exatamente isso”, explicou Betão.

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O debate transcorreu sobre os números de acidentes em empresas ubaenses, os quais, de acordo com registros do Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Mobiliário de Ubá (Intersind), diminuíram em 39% entre 2014 e 2018. Ainda conforme os dados sindicais, com enfoque apenas nos incidentes do setor moveleiro ubaense, os registros caíram de 546, há cinco anos, para 305 no ano passado, uma diferença de 44%. No entanto, alguns presentes creditaram a diminuição expressiva a subnotificações, possibilidade levantada pelo gerente da Agência do INSS de Ubá, Willian Marcos de Oliveira.

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O deputado Betão também apontou para os altos níveis de desemprego, que levam um grande número de trabalhadores ao mercado informal, como outro fator dificultador na contagem precisa de acidentes. “A gente está buscando essas referências no hospital da região e também junto ao INSS, com os motivos de afastamento de pessoas por motivo de acidente de trabalho, que muitas vezes não são notificados porque a pessoa trabalha por conta própria”, destaca.

Preocupação com a saúde mental

Inicialmente fora da pauta da reunião, a saúde mental dos trabalhadores foi abordada após o presidente do Intersind, Áureo Calçado Barbosa, afirmar que a depressão entre os funcionários é um “modismo usado para culpabilizar e criado para dar insegurança jurídica aos empresários”. A alegação de Barbosa foi duramente contestada pelos demais participantes da audiência, de acordo com Betão, e acabou também entrando em discussão. “O processo de insegurança que vive a classe trabalhadora, agravada agora com a perspectiva de uma reforma previdenciária, leva a um quadro de desesperança que afeta, com certeza, a saúde mental das pessoas. Foi uma discussão presente no debate ontem, que não havia nem sido levantada (inicialmente), mas acabou aparecendo porque é uma realidade e um ponto que a gente tem que prestar atenção”, observa Betão.

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Discussões serão aprofundadas

O deputado juiz-forano ainda afirmou que as discussões em audiência pública foram o primeiro passo para o aprofundamento da questão na ALMG, que, já na próxima reunião ordinária da Comissão de Trabalho, receberá 13 requerimentos com pedidos de informações para posterior análise. O objetivo do parlamentar é “cercar essa discussão até chegar ao quadro real”, para propor intervenções junto à Assembleia.

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