O Corpo de Bombeiros divulgou, na noite desta terça-feira (29), que o fogo que consumia a vegetação do Parque Estadual do Ibitipoca foi controlado. A queimada, que teve início no domingo (27), atingiu cerca de 500 hectares, o equivalente a mais de 500 campos de futebol, somadas as áreas atingidas no interior do parque e no seu entorno, segundo a corporação.
Em comunicado oficial, o subcomandante do 4º Batalhão do Corpo de Bombeiros, major Leonardo Nunes, destacou que a atenção maior agora é o entorno da área do parque, que possui alguns focos de incêndio que podem reingressar ao interior da parte preservada. “Informo à população que as chamas dentro do parque já foram todas controladas. Não temos mais nenhum foco de incêndio dentro do parque. Temos alguns focos no entorno, que estamos com atenção, para que a gente possa combater e não ter uma reignição ou até mesmo as chamas voltarem para dentro do parque. Estamos aqui com um efetivo de 98 pessoas entre brigadistas, bombeiros, funcionários do IEF e voluntários. Todos eles em prol de acabar com esse incêndio.”
De acordo com o Instituto Estadual de Florestas (IEF), em nota à imprensa, o grupo que atua no local foi dividido, com 66 pessoas atuando no combate por terra e o restante realizando os trabalhos em helicópteros e na Sala de Comando Operacional estruturada pelo IEF para direcionar as ações.
Ainda conforme o órgão, nesta terça, foram utilizados sete caminhonetes 4×4, duas motos, um helicóptero do Corpo de Bombeiros e um helicóptero cedido por uma empresa parceira do parque, além de um trator com tanque. Havia, ainda, a previsão de o enfrentamento às chamas ser reforçado com mais três aeronaves do modelo airtractor, sendo duas enviadas pelo Corpo de Bombeiros e uma cedida por empresa parceira.
Ventos espalharam fogo
Como informou o IEF, o incêndio que atingiu o Parque Estadual do Ibitipoca começou, na tarde do último domingo, em área vizinha à unidade de conservação. Contudo, os ventos espalharam o fogo para uma área de vegetação no interior do parque. Devido ao incêndio, o IEF suspendeu a reabertura do espaço para visitantes, que estava prevista para ocorrer nesta quarta-feira (30).
O órgão também destacou que os esforços estavam direcionados para debelar as chamar e encerrar o incêndio. Tão logo este trabalho for finalizado, o Instituto informará qual será a nova data de reabertura do parque, que foi fechado em 18 de março devido à pandemia da Covid-19.
Corpo de Bombeiros
Segundo comunicado emitido pelo Corpo de Bombeiros durante a manhã, um grave foco de incêndio foi controlado durante a madrugada, que ameaçava a portaria do parque e o posto de comando das operações. Durante o dia, um helicóptero e um avião airtractor foram empregados para auxiliar os trabalhos. Militares de Juiz de Fora e Belo Horizonte participariam da ação. Como apontou a corporação, 17 bombeiros militares atuavam no local, entre especialistas em combate a incêndios florestais, tripulantes do helicóptero e equipe de abastecimento e mecânica da aeronave. O maior contingente de combatentes corresponde aos brigadistas locais e funcionários do Parque Estadual do Ibitipoca. Durante a manhã, o contingente foi dividido em sete equipes, que atuam em frentes distintas de combate.
Apoios fundamentais
Na linha de frente do combate às chamas desde a madrugada de segunda-feira, o brigadista Gabriel Fortes destacou a importância do auxílio do helicóptero e do avião. “Hoje a gente está com um apoio aéreo que facilitou bastante. Estamos tendo mais sucesso. A temperatura da noite, mais fria, ajudou também”, comemorou. Além do apoio aéreo, os combatentes recebem ajuda de outros membros da comunidade, cada um à sua maneira. “Nós estamos com um apoio muito legal, muitos moradores e empreendedores da vila estão ajudando. Alguns financeiramente, outros com alimentação”, conta Fortes.
Chama de solidariedade
O trabalho de combate ao incêndio apaga o fogo na área de preservação, mas acende a chama de solidariedade. Um grupo de moradores se reuniu para preparar comida e lanche e levar água para quem está atuando na linha de frente contra a queimada. Moradora de Ibitipoca desde o nascimento, como afirmou, Cleusa Maria de Oliveira, de 56 anos, está entre as cozinheiras. Além dela, há outras três, duas ajudantes e um motorista, responsável por levar os alimentos até os brigadistas. “Nos reunimos porque sabemos que quem está lá na linha de frente precisa se alimentar. Moradores e amigos se juntaram e começamos a cozinhar, preparar lanches e conseguir água para levar para eles”, contou Cleusa.
Para ela e seus parceiros de solidariedade é muito bom poder colaborar. “Salvar a natureza e ajudar o próximo nos causa grande satisfação”, ressaltou, lembrando que o grupo vem agindo por meio de doações de alimentos e que, por enquanto, já receberam o suficiente, já que a queimada já estaria sendo controlada.