Tradicionalmente nesta data, a população da localidade celebra a santa que é padroeira da cidade. Segundo relato de fiéis à rádio CBN de Juiz de Fora, há duas estátuas de Nossa Senhora Auxiliadora nesta capela. Enquanto a maior foi levada para as ruas na carreata, a menor ficou no templo. Duas mulheres teriam permanecido no local para ajudar na limpeza, quando perceberam que duas imagens, de Nossa Senhora Auxiliadora e do Sagrado Coração de Jesus, estariam derramando lágrimas.
Ainda conforme relatos, foram feitos fotos e vídeos do ocorrido. O pároco da cidade foi acionado pelos fiéis, compareceu ao local e teria experimentado o líquido, que, ainda segundo religiosos, teria gosto semelhante à lágrima humana. No dia seguinte, o religioso teria ido a Diocese de Leopoldina, que responde pela paróquia de Astolfo Dutra, para relatar o caso ao bispo. A reportagem entrou em contato com a paróquia do município e também com a Diocese, que preferiram não comentar o ocorrido, que segue em investigação.
‘A Igreja nunca dirá que algo é de fato um milagre, pois só Deus tem esse poder’
Em entrevista à Rádio CBN Juiz de Fora na quinta-feira, o padre João Francisco da Silva, da Arquidiocese de Juiz de Fora, explicou que, antes de ser constatado que o evento é extraordinário, como ele definiu, são necessárias diferentes etapas de investigação. “A Igreja é muito prudente quando vai se pronunciar oficialmente à respeito de um determinado caso, porque, antes, é necessário fazer diversas investigações que vão concluir de forma científica primeiro. Depois é analisada a parte teológica para ver se não tem nenhum conteúdo contrário à fé. No final das contas, a Igreja não pode afirmar se o evento foi milagroso, mas, sim, que não há nada contrário à fé ou que é um fato extraordinário que aconteceu.”
Ainda de acordo com o religioso, a análise se inicia localmente e segue para o Vaticano para que uma classificação oficial seja emitida. “A análise começa na Diocese. O bispo é responsável pelas instruções da causa dos santos. Ele vai instaurar um grupo de estudos que é composto por padres, cientistas e médicos, que vão analisar o evento empírico, que é o fato em si. Vai analisar primeiro a imagem, para dizer se é, de fato, feita do gesso. Depois, ele vai levar para o laboratório, onde será analisada aquela água, e o bioquímico pode dizer se aquilo não se trata de água, mas sim algo diferente que não deveria estar ali naquele lugar.” No entanto, mesmo se constatado o caráter excepcional do evento, ele não recebe a terminologia de milagre. “A Igreja nunca dirá que algo é de fato um milagre, pois só Deus tem esse poder”, complementa.
A Assessoria de Comunicação da Arquidiocese de Juiz de Fora apurou que o caso ocorrido em Sobral Pinto já chegou ao conhecimento do bispo da Diocese de Leopoldina – Igreja Particular à qual pertencem a cidade e o distrito -, Dom Edson José Oriolo dos Santos. A avaliação inicial do prelado é de que tratou-se de fenômeno natural, mas, de qualquer forma, o caso será estudado e está sob a responsabilidade do pároco local. Caso o fenômeno relatado volte a ocorrer, será feito um estudo científico para descartar qualquer intervenção humana e/ou da natureza. Somente a partir da exclusão dessas causas é que o fato passaria a ser tratado como sobrenatural.