Quem vai para Conceição do Ibitipoca, seja para visitar a vila ou conhecer o Parque Estadual, passa pela LMG-871, estrada que liga o distrito ao município de Lima Duarte. Por muito tempo, a viagem pelos cerca de 30 quilômetros era feita em estrada de terra. A situação começou a mudar em fevereiro de 2023, quando a empresa juiz-forana Nexxus iniciou o calçamento de 12 quilômetros da via.
Um convênio com o Estado de Minas Gerais destinou R$ 12,6 milhões para a obra, mas deixou de fora trechos considerados os mais críticos pelos moradores. Todo o percurso passando pelos morros das Cutias e do Salto e pelas serras do Darci e da Cruz das Almas, já chegando ao distrito, seguirá sem intervenções. Conforme a Prefeitura de Lima Duarte, seria necessário investir R$ 2,5 milhões para calçar o intervalo, verba que está sendo viabilizada com o Governo do Estado, mas ainda sem previsão de recebimento.
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A Tribuna esteve no Distrito no último dia 18 para conferir o calçamento que, segundo a Nexxus, está 67% concluído. Os intervalos iniciais da via já estão pavimentados com blocos intertravados, e os trabalhos de drenagem pluvial avançam, com instalação de meio-fio, bueiro, sarjetas, escavação e escoramento de valas. O fluxo de veículos é constante, inclusive em dias de semana, com destaque para a presença de caminhões pesados, como caminhões de leite e carregados com material de construção.
A rodovia segue funcionando em esquema de abertura e fechamento. Segundo a Nexxus, dependendo do trecho onde a obra se encontra, a construtora tem negociado desvios por propriedades privadas. A reportagem encontrou funcionários instalando manilhas de concreto na estrada, o que causou o bloqueio da passagem de veículos por cerca de 30 minutos, visto que a intervenção acontecia em um trecho que não permitia desvios.
Estrada deve ser entregue em agosto
De acordo com o representante da Nexxus, Rafael Bellose, o calçamento será entregue até o dia 18 de agosto de 2024. O prazo se estende em seis meses do que era inicialmente previsto pelo edital, que estipulava conclusão em 12 meses, ou seja, fevereiro de 2024. Segundo a empresa, o término da obra precisou ser adiado em razão das fortes chuvas, do tráfego intenso de veículos e de ajustes em partes do subleito da via. “Foi necessário conciliar as obras com o intenso tráfego de veículos, já que na maioria do trecho não foi possível abrir caminhos para desvios”. Além disso, serviços preliminares precisaram ser executados devido à precariedade da via em algumas extensões.
R$ 2,5 milhões para trecho que falta
Por mais que o calçamento tenha melhorado o acesso ao Distrito de Conceição de Ibitipoca nos trechos iniciais, para chegar até a vila os motoristas enfrentam dificuldade. As duas serras que estão sem intervenção aparecem no edital como calçadas ou com obras em andamento e, portanto, sem previsão de melhorias.
Por serem partes íngremes e acidentadas, os veículos precisam transitar com cautela e lentamente. Em épocas de feriado, quando o tráfego na estrada aumenta, o trecho não raro registra engarrafamentos. O motorista profissional Trajano Andrade Neto conta que tem evitado pegar viagens para a região, justamente por conta dessas serras.
“Nós que trabalhamos com viagens estamos deixando de ir lá por causa dessas subidas. Está muito difícil subir, muito buraco mesmo e, por isso, muita gente tem desistido.” Ele conta que da última vez que foi até Conceição do Ibitipoca, na subida da Cruz das Almas, o cano de descarga do carro soltou. “Eu tive que arrancar e voltar sem.” Em outra ocasião, também em um dos trechos entre as serras, uma pedra bateu no fundo do carro e furou o radiador. “Eu tinha ido buscar um casal e tivemos que parar no meio da estrada e esperar o guincho chegar.”
Pior na chuva
À noite ou em dias de chuva, a situação é ainda mais crítica. “A gente não sabe se vai chegar. Na chuva, tem que subir um carro de cada vez, porque se o carro parar no caminho ele não sobe mais, escorrega.” Agora, Trajano afirma que só tem aceitado corridas para a região de clientes mais próximos, mas como alternativa ele precisou aumentar o preço. “Por que, além do risco de acidentes, a viagem fica mais demorada também. Não adianta nada melhorar o começo da estrada se as serras vão ficar daquele jeito.”
Recursos não foram suficientes para incluir serras
Questionada, a Prefeitura de Lima Duarte afirmou que está aprofundando as conversas com o Estado de Minas Gerais, com o apoio de alguns parlamentares, para captar os recursos necessários para pavimentar o referido trecho, mas até o momento não se concretizou.
“Estimamos que, para pavimentar o trecho entre as serras, seja necessário um investimento em torno de R$ 2,5 milhões. Esse trecho não foi contemplado no convênio atual, porque os recursos financeiros disponibilizados não foram suficientes para incluí-lo no projeto”, afirmou o Executivo em nota.
Sobre obras de mitigação de danos no intervalo, principalmente em épocas de chuva, a Prefeitura Municipal afirmou que realiza periodicamente a manutenção de toda a LMG-871, inclusive do trecho entre as serras. “Embora seja de um trecho ainda não pavimentado, conseguimos manter a estrada transitável durante todo o período das chuvas.”