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Infectologista esclarece dúvidas sobre a bactéria Streptococcus

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Escolas passaram por dedetização (Foto: Divulgação/Prefeitura de São João del-Rei)

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A Secretaria de Estado de Saúde de Minas (SES-MG), por meio da Fundação Ezequiel Dias (Funed), está investigando os óbitos de crianças registrados em São João del-Rei, distante cerca de 160 quilômetros de Juiz de Fora. A suspeita é que as mortes tenham ocorrido por contaminação pela bactéria Streptococcus pyogenes. A Tribuna conversou com um especialista para esclarecer dúvidas sobre a bactéria.

De acordo com Rodrigo Souza, médico infectologista do Hospital Universitário da UFJF, a Streptococcus pyogenes é uma bactéria comum, sendo uma das principais causadoras de amigdalites e infecções de pele. Os sintomas da infecção variam, mas o principal deles é a febre. “Os demais sintomas dependem da forma da doença. Podem ser dor de garganta, dificuldade para engolir nas amigdalites, lesões na pele no impetigo e escarlatina, assim como cefaléia intensa, convulsões, sonolência ou agitação, além de enjôo e vômitos nas meningites ou queda importante da pressão nos casos de infecção generalizada”, explica.

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O tratamento da contaminação é feito por meio de antibiótico, de acordo com o especialista. Depois de 24 horas, a doença não será mais transmitida. Além disso, o infectologista recomenda que, nas primeiras 24 horas do antibiótico, é necessário evitar a proximidade entre as pessoas nos casos de amigdalites e, no de feridas, cobrir as lesões.

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Natural de São João del-Rei, Souza aponta que tem uma preocupação especial com a situação que vem ocorrendo na cidade, mas que vem buscando tranquilizar seus familiares. “Minha hipótese, também aventada pelo CDC (Centro de Controle de Doenças) americano, é de que houve uma redução muito grande dos casos nos primeiros anos de pandemia. Infecções prévias promovem algum grau de defesa, dessa forma, os casos que aconteciam esporadicamente têm ocorrido com uma incidência maior, pelo acúmulo de crianças suscetíveis”, avalia.

O médico infectologista do HU-UFJF destaca que é importante manter a calma e não acreditar em ‘fake news’. Caso uma criança apresente algum sintoma, Souza orienta que, em nenhuma hipótese, ela deve ir à escola, mas sim procurar atendimento médico. Além disso, é importante também higienizar as mãos antes de se alimentar ou após o contato com objetos compartilhados.

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“Para os profissionais de saúde, (a orientação é) a sensibilização para identificar e tratar prontamente os casos suspeitos. Muitos casos de crianças com quadro de resfriados podem sofrer infecção secundária e formar uma casquinha amarelada chamada crosta melicérica. Essa secreção é altamente contagiosa e merece tratamento com antibiótico, e a recomendação de ficar em casa por, pelo menos, no dia do atendimento e o seguinte”, destaca o especialista.

Casos em investigação

A situação em São João del-Rei acendeu um alerta entre a população após o óbito de três crianças em menos de um mês, sem diagnóstico determinado. Em nota técnica divulgada na terça-feira (24), a Prefeitura do município informou que a causa da morte de uma criança de 10 anos foi registrada como “sepse por Streptococcus pyogenes”, entretanto, neste caso, não houve coleta de material para confirmação da infecção pela bactéria. Outras duas mortes, de uma criança de 3 anos e outra de 10, estão em investigação.

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Uma outra criança, de 9 anos, teve a confirmação de infecção pela Streptococcus pyogenes. Segundo a Prefeitura, ela foi hospitalizada com sintomas de febre e lesões no pé, mas evoluiu bem e voltou para casa. Este foi o primeiro caso confirmado laboratorialmente na cidade. A Administração municipal suspendeu as aulas a partir desta quarta-feira (25), medida que deve seguir até dia 5 de novembro.

Em nota encaminhada à Tribuna, a SES-MG informou que está acompanhando os casos de óbitos junto à Unidade Regional de Saúde e à Prefeitura de São João del-Rei. Conforme a pasta, as investigações epidemiológicas já são realizadas de forma rotineira pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs Minas).

“Neste momento, não há critérios que comprovem surto ou risco à saúde da população de São João del-Rei, bem como nenhuma evidência epidemiológica que justifique a alteração na rotina das atividades da população, segundo as recomendações do Cievs Minas”, destaca a SES-MG.

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A secretaria ainda informou que irá ministrar treinamento para os médicos da rede assistencial da cidade, a fim de orientar a rede de saúde para detecção e tratamento oportuno de casos suspeitos de infecção. “Em casos de sintomas como febre e garganta inflamada, a orientação é procurar uma Unidade Básica de Saúde para diagnóstico correto e tratamento adequado”, aponta. “A SES reforça ainda que o melhor meio de informação para a população são os canais oficiais, evitando o compartilhamento de notícias falsas.”

Aulas suspensas em Tiradentes

As aulas da rede municipal de Tiradentes foram suspensas nesta quinta (26) e sexta-feira (27). De acordo com a Prefeitura, as escolas passarão por dedetização nos próximos dias, sendo que as atividades devem ser retomadas na segunda-feira (30). A medida ocorre após as mortes de três crianças em menos de um mês em São João del-Rei, cidade que está localizada a dez quilômetros de Tiradentes.

A Prefeitura de Tiradentes anunciou a suspensão das aulas em publicação nas redes sociais nesta quarta-feira (25). Em vídeo, os secretários de Saúde, Marcelo Andrade, e de Educação, Valdo Rosa, informaram que a Administração municipal está buscando definir ações para proteger as crianças, diante da situação que tem ocorrido na cidade vizinha.

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Conforme Rosa, a limpeza das escolas é realizada diariamente, entretanto, nos próximos dias, a Prefeitura irá aplicar produtos químicos mais fortes, que não permitem o contato da população. Por isso, o Executivo optou pela suspensão das aulas, que devem ser retomadas na segunda-feira.

“Eu sei que tem muitos pais ligando para a Prefeitura, pedindo o fechamento das escolas por um prazo indeterminado, mas ainda não temos respaldo científico, nem autorização legal para tal, nem autorização para aulas remotas. Então, o que nós podemos fazer no momento é isso, fechar esses dois dias para fazer a desinfecção com esse produto que foi recomendado, e também reforçar essas orientações aos nossos servidores”, explicou o secretário de Educação.

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