O imbróglio envolvendo a Prefeitura de Lima Duarte e o Estado de Minas Gerais sobre a manutenção da LMG-871, que liga a cidade ao distrito de Conceição de Ibitipoca, continua. No último sábado (18), o Executivo municipal emitiu um comunicado esclarecendo que no dia 16 de janeiro, o prefeito Geraldo Gomes de Souza (PMN) e o coordenador regional do Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais (DEER-MG), Fernando Arthur Moreira Dias, estiveram reunidos para discutirem as questões envolvendo os reparos da estrada.
No mesmo documento, foi descrita uma visita do coordenador à rodovia, programada para esta quinta-feira (23), para analisar a situação da via, que retornou à tutela do DEER após o encerramento do convênio entre Prefeitura e Estado, em março do ano passado. Entretanto, a visita não ocorreu. Em contato com a assessoria do DEER, a Tribuna foi informada de que a vistoria foi agendada para a próxima semana, mas ainda não tem data específica.
Ainda conforme o texto emitido da Prefeitura, está em fase de licitação a contratação de empresa especializada para execução de manutenção na LMG-871. Entretanto, a assessoria de imprensa do Executivo informou à Tribuna que não foi comunicada sobre qual edital o DEER fez referência durante a reunião do dia 16 de janeiro.
O secretário executivo da Associação de Moradores e Amigos de Ibitipoca (Amai), Ronaldo Champak, encontrou no site do DEER/MG um edital que contempla a recuperação de estradas, de número 048/2019, publicado em dezembro do ano passado. Porém, a LMG-871 não está incluída neste documento mais recente. “É apenas uma constatação de uma situação confusa e contraditória entre o que diz o DEER-MG e o que diz a Prefeitura de Lima Duarte a respeito da conservação e manutenção da rodovia.”
Ainda conforme o secretário, a Amai está enviando ofícios à coordenação regional do DEER-Juiz de Fora e à direção geral do DEER em Belo Horizonte pedindo esclarecimentos. Um destes documentos, datado de novembro de 2019, lista dez pontos que, segundo a organização, carecem de atenção especial, cabendo destaque ao km 5, onde, conforme o texto, há uma “ponte sobre o rio Salto com evidentes sinais de deterioramento e que precisa de restauração imediata, sob riscos de acidente trágico”, além do trecho entre os quilômetros 0 e 3, “constantemente afetado por costeletas, no momento, agravado por excesso de buracos”.
A reportagem questionou o DEER-MG sobre a questão levantada pela Amai envolvendo a ausência da LMG-871 na listagem presente no edital 048/2019. O órgão limitou-se a dizer que o coordenar regional do DEER-MG em Juiz de Fora está conduzindo o assunto junto à Prefeitura Municipal de Lima Duarte.
Reparos independentes
Por conta da precariedade da via, alguns moradores optaram pelo esforço coletivo para promover reparos por conta própria. É o caso do aposentado José Nilton Santos Aguiar, conhecido como Muskito. Segundo ele, a estrada recebeu manutenção nos meses de outubro e novembro, mas continua com diversos pontos críticos. Além de haver pontes danificadas, o morador relata que o trecho possui diversos bueiros de escoamento obstruídos, o que o levou a tomar a medida de reparar alguns deles de forma independente nesta terça-feira (22).
“A estrada está horrível. Nós temos cerca de 30 bueiros entupidos e seis para serem feitos. Eu tenho uma máquina parada aqui na frente de casa, eu chamei um amigo e fizemos um reparo em meia hora de serviço. É uma coisa básica, e sozinho a gente não tem condição de fazer tudo, porque não temos força, mas temos vontade. Não temos dinheiro e nem caminhão. Mas é assim, um amigo dá um litro de óleo, um dá uma hora de máquina, outro ajuda a desentupir um bueiro braçalmente…”
Impactos no comércio
Por conta do estado em que a LMG-871 se encontra, alguns donos de comércios da Vila de Conceição de Ibitipoca têm contabilizado prejuízos e relatado a falta de abastecimento de algumas mercadorias. A comerciante e conselheira da Amai, Cleusa Maria, relata que o estado de conservação do trecho afeta diretamente não só o turismo, mas também o cotidiano de quem vive no local. “Mesmo antes dessas recentes chuvas já estava complicado, e depois das chuvas só piorou. As pessoas chegam em um certo ponto e estão voltando, e isso impacta diretamente na questão do turismo. Nós também já ficamos uma semana sem uma transportadora realizar entregas aqui. Isso está impactando as nossas vidas também. A coleta de lixo, por exemplo, está sendo prejudicada. Também já teve situação de uma ambulância não chegar a Lima Duarte ou do socorro não chegar até aqui, prejudicando nossa saúde.”