Os altos índices de precipitação desta quarta-feira (20) em Santos Dumont afetaram cerca de dez mil pessoas no município vizinho de Juiz de Fora. Conforme dados da Prefeitura, 9.700 sandumonenses foram atingidos pelo temporal. Quinze pessoas estão desabrigadas, e o número de desalojados chegou a 200, mas estes já retornaram às suas residências. Em razão dos estragos, o prefeito Carlos Alberto de Azevedo (PPS) assinou, nesta sexta-feira (22), decreto de situação de emergência “nas áreas do Município afetadas por alagamentos”. Elaborado na quinta (21), o instrumento foi avalizado nessa manhã após a conclusão de relatório da Defesa Civil.
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O número de pessoas atingidas corresponde a pouco mais de 20% da população de Santos Dumont — composta por 46.555 habitantes, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De 15 desabrigados, quatro estão na Escola Estadual Governador Bias Fortes, conhecida, popularmente, como Vocacional, no Bairro Quarto Depósito; o restante se dirigiu para casas de familiares. Já os moradores desalojados retornaram às residências após limpeza. Conforme o secretário de Administração, José Geraldo de Almeida, entretanto, a Prefeitura “já está dando a volta por cima”. “Nós, praticamente, suprimos todas as necessidades com as doações. Estão faltando apenas materiais de limpeza. Acredito que até terça-feira (26), no máximo, está tudo organizado. Recolhemos, somente hoje (sexta) aproximadamente 15 caminhões de móveis, como sofás, colchões, armários, eletrodomésticos, etc.”
Embora tenham sido suspensas na quinta, as aulas da rede municipal de ensino foram retomadas já nesta sexta; somente os distritos de Cachoeirinha, Formoso e Serra permaneceram sem alunos nas escolas. “A princípio, a Secretaria de Educação havia aconselhado que, se as escolas estivessem em estado deplorável, não houvesse aulas. Mas todas funcionaram normalmente. Só algumas do Estado não”, afirmou José Geraldo. Ainda segundo o titular da pasta de Administração, as ruas e as estradas vicinais estão em perfeitas condições, bem como o abastecimento de água.
Ajuda do Estado
O Executivo encaminhou à Defesa Civil do Estado, nesta sexta (22), demandas do Município. “Pedimos, aproximadamente, mil cestas básicas, materiais de limpeza e colchões. Vestuário foi suprido pelas doações”, informou José Geraldo de Almeida. “Estamos apenas no aguardo. Conversei ontem (quinta) com o comandante da Defesa Civil de Belo Horizonte, mas ele não nos garantiu nada. Pediu, apenas, para mandarmos o relatório de danos e o decreto.” Conforme decreto 3.196/19, assinado pelo prefeito Carlos Alberto de Souza, os órgãos municipais atuam sob orientação da Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil “nas ações de resposta ao desastre e reabilitação do cenário e reconstrução”.
Além disso, o decreto avaliza desapropriações de casas particulares “por utilidade pública, comprovadamente localizadas em áreas de risco intensificado de desastre”. Os bairros mais afetados localizam-se em regiões periféricas, às margens do Rio das Posses, como o Quarto Depósito, Santo Antônio e São Sebastião. A Prefeitura de Santos Dumont suspeita de queda de tromba d’água. “Estamos fazendo um levantamento e, ao que me parece, não posso ainda confirmar, caiu uma tromba d’água na cabeceira do rio, em um distrito chamado Posses. Na hora que chegou em Santos Dumont, foi uma avalanche de água de uma vez. Não foi gradativamente. Subiu imediatamente”, pontuou José Geraldo.
Questionado a respeito da recorrência de alagamentos em Santos Dumont, conforme relatado pelos moradores atingidos, o secretário de Administração diz não ter visto situação parecida. “Resido aqui há 30 anos e vou afirmar categoricamente: a última vez em que ocorreu isso foi em 1987. Agora, Santos Dumont é muito prejudicada no aspecto territorial. É uma cidade cheia de morros. Igual a essa [chuva], nunca vi. Há chuvas fortes… mas isso não depende de Prefeitura. O alagamento não tem muito o que fazer.”
Aluguel social
Programa de habitação da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate às Drogas, o aluguel social pode ser solicitado pelas pessoas desabrigadas. Conforme José Geraldo de Almeida, uma das famílias já pediu o auxílio. Um assistente social avalia a situação e, então, a Prefeitura atende às demandas do cidadão com relação a uma moradia. “Logicamente, há todo um processo burocrático. Já demandei à Defesa Civil para conversar com a outra família para desocuparmos logo o colégio”, afirmou. Para doações, a Prefeitura orienta o contato por meio dos números (32) 3252-7424/3252-7400. Os donativos são concentrados na Igreja São Sebastião, no Bairro Quarto Depósito. Os itens mais necessários são materiais de limpeza e higiene.