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Parque Estadual do Ibitipoca terá nova portaria no extremo norte da reserva

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O Parque Estadual do Ibitipoca terá nova portaria. A construção de um acesso pelo extremo norte da reserva está prevista no edital de concessão, homologado na última semana. O pórtico será instalado em uma região entre os municípios de Bias Fortes e Santa Rita do Ibitipoca. Atualmente, a única entrada para o parque fica em Lima Duarte, no Distrito de Conceição do Ibitipoca.

A demanda pelo acesso norte é antiga. Há mais de 15 anos os moradores da região pleiteiam a construção de uma nova portaria que, segundo eles, vai democratizar o turismo no parque, um dos destinos mais procurados do estado. Para chegar até lá, a princípio, terão dois caminhos: uma trilha que sai da Vila dos Moreiras, em Santa Rita do Ibitipoca, e uma que passa pela região dos Areiões, na Várzea de Santo Antônio, Distrito de Bias Fortes.

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Ambas as trilhas cruzam propriedades privadas. Em Santa Rita do Ibitipoca, o Instituto Estadual de Florestas (IEF), em parceria com a Prefeitura da cidade, já articulou junto aos proprietários a liberação da travesseia. Já em Bias Fores, a negociação está a cargo da Prefeitura local. Conforme o IEF, o acesso se dará por veículo até o estacionamento e, dali, o visitante caminhará dois quilômetros a pé até a portaria norte. Sobre a quantidade de visitantes permitidos por dia, o IEF afirmou que o limite ainda será estipulado, levando-se em consideração a capacidade de carga do atrativo e um equilíbrio entre os acessos. Atualmente, o Parque do Ibitipoca pode receber até mil visitantes por dia.

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A Tribuna entrou em contato com a Paquetur, empresa vencedora da concessão, que afirmou não ter informações detalhadas sobre a instalação do acesso norte, visto que passa por trâmites burocráticos envolvendo a licitação e ainda não realizou visita técnica na unidade de conservação. “O contrato de concessão de 30 anos tem previsão de assinatura em fevereiro de 2023, quando se inicia a fase de transição para iniciarmos a gestão”, afirmou em nota.

Há mais de 15 anos os moradores da região pleiteiam a construção de uma nova portaria que, segundo eles, vai democratizar o turismo no parque, um dos destinos mais procurados do estado (Foto: Leonardo Costa)

Acordo com propriedades privadas

A Prefeitura de Santa Rita do Ibitipoca garantiu que os proprietários, cujas terras são cortadas por trilhas com destino a nova portaria, já assinaram documentos oficiais cedendo a passagem. A secretária de Turismo do município, Mayra Baumgratz, afirmou que a abertura do novo pórtico será importante para o desenvolvimento da região. “Hoje Santa Rita só carrega o nome de Ibitipoca, mas não participamos de todos os benefícios que o parque oferece. Cerca de 40% da unidade de conservação pertence à cidade. Um dos atrativos mais visitados, a Janela do Céu, fica dentro de Santa Rita. Por isso, a abertura do acesso norte é de grande interesse do município.”

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Em Bias Fortes, a situação é mais complicada. Conforme o secretário de Turismo, Leandro Volpini, não há garantia de que o Município tenha benefício direto com a nova portaria. De acordo com ele, a trilha mais próxima com destino ao acesso norte cruza duas propriedades privadas: o Camping Areinhas e o Ibiti Projeto. Com o Camping, a negociação já foi feita e, segundo Volpini, o proprietário teria cedido a passagem. A Tribuna conversou com Ronei Machado, dono do empreendimento, que confirmou o acordo. Para Ronei, o novo pórtico traz benefícios ao turismo local. Ele, no entanto, cobra investimentos da Prefeitura em infraestrutura para receber os turistas. “A estrada de acesso ao camping está em péssimas condições. Se conseguirmos a passagem para a nova portaria, seria necessário melhorar a estrada para dar conta do fluxo de turistas.”

Já em relação ao Ibiti Projeto, a Prefeitura de Bias Fortes afirmou que não conseguiu articular a liberação da trilha. Segundo Leandro Volpini, o proprietário aceitaria apenas uma permissão experimental com visita guiada, ou seja, os turistas só poderiam atravessar até o acesso norte com a presença de um guia. Em contato com a Tribuna, a assessoria do Ibiti Projeto emitiu nota no qual afirma apoiar a abertura da portaria norte e permitir, inclusive, que o acesso até o pórtico passe por dentro do trecho de sua propriedade, “desde que as visitas sejam devidamente acompanhadas por guias credenciados locais, gerando renda e desenvolvimento para a população e segurança para a fauna e a flora da região”, diz a nota.

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O secretário de Turismo de Bias Fortes afirmou que continuará com a negociação nos próximos dias, com o intuito de chegar a um consenso.

Fomento para o turismo local

A necessidade de pulverizar o turismo nas Serras do Ibitipoca, há muito concentrado apenas em Lima Duarte, passa pelo desejo de trazer desenvolvimento a pequenas cidades do interior, como Bias Fortes. O município, com cerca de 3.300 habitantes, originou-se de um quilombo, com escravos fugidos de vilas de mineração como a de Conceição do Ibitipoca e a Vila dos Moreiras.

Morador de Bias Fortes e gestor ambiental, Tarcísio de Oliveira conta que, antes da criação do Parque Estadual do Ibitipoca, toda a comunidade tinha acesso livre aos bens naturais da região. “A população daqui tinha um senso de pertencimento à região, que vem se perdendo por conta do avanço de um turismo de exclusão”, afirma. Para ele, a abertura do portão norte é uma reparação histórica ao processo de distanciamento das comunidades do entorno ao parque.

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Tarcísio conta que, antigamente, o Parque era um ponto de encontro entre os moradores. Era na Capela do Pião, segundo ponto mais alto da unidade, que eles se reuniam, vindos das vilas do Moreiras, do Mongol e da Várzea de Santo Antônio, entre outras regiões. “Era uma comunidade, em sua grande maioria do ramo leiteiro, de trabalhadores braçais, que, na época, não vislumbrava o turismo.”

Atualmente, pouca coisa mudou. Tarcísio afirma que, por conta dessa monopolização do destino turístico em Conceição de Ibitipoca, Bias Fortes fica à margem do desenvolvimento tanto econômico como social. “Em 2009, fizemos um levantamento de quantas famílias tinham deixado a região para buscar uma qualidade de vida melhor. Foram mais de cem pessoas que, se o turismo estivesse desenvolvido, poderiam ter ficado.” Ele afirma que a luta pelo fortalecimento do turismo local é também uma forma de buscar uma outra alternativa para que as famílias tenham ascensão econômica e também opções para lazer.

O gestor ambiental deixa bem claro que o objetivo não é reproduzir a Vila de Conceição do Ibitipoca e sim trazer alternativa para um turismo diferente, rural. “Do outro lado (Lima Duarte) sabemos que há muitos problemas de infraestrutura, saneamento e mobilidade. Isso é o reflexo de um crescimento desordenado que não é o que esperamos para Bias Fortes. Já aprendemos com os erros do passado e temos que fazer um turismo bem feito, ordenado, respeitando o senso de pertencimento do lugar.”

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