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Jornalista da TV Integração é agredido em Barbacena

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O cinegrafista Robson Panzera, funcionário da TV Integração, afiliada à Rede Globo, foi agredido nesta quarta-feira (20), no Bairro São José, em Barbacena, enquanto trabalhava junto à repórter Thais Fullin, na Escola Preparatória de Cadetes do Ar (Epcar). Panzera teve o dedo anelar esquerdo luxado e a câmera quebrada. Após o registro junto à Polícia Militar (PM), o cinegrafista foi atendido pela Santa Casa de Misericórdia de Barbacena. Posteriormente, prestou depoimento e passou por exame de corpo de delito. O agressor foi identificado como o empresário Leonardo Rivelli. Ele foi preso em flagrante e também passou por corpo de delito, sendo liberado no final da tarde após pagar fiança de R$ 1 mil. De acordo com seu advogado Pedro Possa, seu cliente estaria “indignado por conta das dívidas em razão do vírus”. A Polícia Civil instaurou inquérito para investigar a agressão, e Rivelli poderá responder por dano qualificado e lesão corporal.

O cinegrafista Robson Panzera foi agredido pelo empresário Leonardo Rivelli enquanto trabalhava na região central de Barbacena (Foto: Reprodução)

Conforme Panzera, o agressor começou a ofendê-lo verbalmente, enquanto gravava imagens da fachada do edifício da Epcar. “Este senhor passou por mim de carro e começou a filmar e a me ofender, falando mal da emissora, que a gente só publica mentiras, que a gente não tem moral nenhuma, que ele repudia a emissora etc. Para me desvencilhar, disse: ‘Amigão, você está dirigindo e filmando. Não pode não. Isso está errado.'” Neste momento, segundo o jornalista, Rivelli parou e desceu do veículo, filmando. Ainda segundo o profissional, após um bate-boca, o empresário começou a chutar o equipamento e agredi-lo.

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O cinegrafista relata que tentou se desvencilhar de Rivelli ao ir para o meio da rua, mas o empresário começou a chutar o tripé de sua câmera. “Nisso, fiquei com a câmera em uma mão e o tripé na outra. E segui me desvencilhando dele. Mas o meu tripé caiu no chão. Quando o tripé caiu, ele pegou e veio pra cima, tentando me agredir. E continuei me desvencilhando, tentando desviar.” De acordo com Panzera, o dedo foi luxado quando tentou se defender de um dos golpes de Rivelli.

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“Não chegou a quebrar o dedo, mas senti muita dor na hora. As pessoas em volta ficaram indignadas, porque eu estava na frente da Epcar, mas os soldados da guarita não têm respaldo para agir fora da Epcar.” O jornalista detalha que, após tomar o tripé das mãos do empresário, ele lhe deu a volta e começou a chutar a câmera, que terminou, por fim, quebrada. “Ele quebrou a câmera inteira. Foi uma coisa absurda.”

Após a agressão, conta o cinegrafista, Rivelli chegou a deixar o local de carro, mas depois retornou à região central, e, durante a abordagem policial, parou o carro e se dirigiu aos policiais mostrando o vídeo que havia feito. “Ele ainda queria ter a razão. No fim das contas, queria falar que eu que estava querendo agredi-lo”, afirmou.

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“Já houve outras situações em que fui abordado na rua e sofri ofensas verbais, mas fiquei calado, e a pessoa foi embora. Nada que me afetasse diretamente, mas, hoje, foi um caso totalmente atípico. Nunca imaginei que chegaria a este ponto. Moro em Barbacena, estamos em uma sucursal, e é uma cidade tranquila (…) Porém, hoje, tivemos este episódio que não sei nem definir”, lamentou. “Acho que as pessoas estão banalizando o momento em que estamos vivendo, achando que tudo isso é obra da imprensa, como se a imprensa tivesse o intuito ou o poder de espalhar um vírus para se engrandecer ou vender notícias.”

Advogado diz que empresário está revoltado com falta de dinheiro

Conforme o advogado Pedro Possas, o empresário estava indignado, uma vez que “a Rede Globo está transmitindo apenas notícias pessimistas e forçando o pessoal a fechar o comércio”. “Pensando desta forma, ele começou a filmar o cinegrafista (sic) e a falar isso tudo para ele. O repórter então começou a provocá-lo. Ele desceu do carro, e os dois começaram a discutir. Então, houve uma luta corporal, os dois se agrediram, houve agressão mútua, e, aí, o Leonardo saiu com a mão e a orelha machucadas.”

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Rivelli também passou por exame de corpo de delito, e, segundo Possas, houve um corte e sangramento na mão esquerda do empresário. “Não está tendo circulação de dinheiro. Ele está revoltado com isso tudo. Ele expressou a sua raiva com o repórter e aconteceu isso tudo.” Após pagar fiança, Rivelli foi liberado pela PM.

Massanobre
Apesar de ter integrado o quadro societário da Massanobre, Rivelli é hoje proprietário de uma empresa de alimentos congelados. Em nota, a Massanobre esclarece que não há qualquer relação entre Rivelli e a empresa “há mais de dez anos”. “Na oportunidade, a Massanobre manifesta que repudia veementemente qualquer tipo de agressão, bem como afirma a importância da liberdade de expressão e imprensa para um verdadeiro e melhor estado democrático de direito”, posiciona-se a empresa. A informação foi confirmada pelo advogado Pedro Possa à Tribuna.

Sindicato encaminha denúncia ao MP

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais encaminhou a denúncia da agressão sofrida por Panzera ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). A TV Integração lamentou o ocorrido, manifestando o apoio aos jornalistas. “A TV Integração reitera que pauta seu trabalho na ética, na inovação, no pioneirismo e no respeito à pluralidade. E faz isso há exatos 56 anos. Tempo no qual aprendeu a abrir espaço a toda manifestação democrática e legítima. Nos solidarizamos com nossos colegas Robson e Thais e lamentamos o ocorrido hoje em Barbacena. Reiteramos nosso compromisso com a verdade, o localismo, o respeito às liberdades e a divergência. Valores que não abandonaremos a despeito do ocorrido.”

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Em nota conjunta, o Sindicato de Jornalistas Profissionais de Juiz de Fora e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaje) repudiaram a agressão sofrida por Robson Panzera. “O Sindicato se coloca à disposição e presta solidariedade à equipe da TV Integração, solidariedade esta estendida a seus familiares”, pontua. “O Sindicato entende que a violência contra um profissional de imprensa é uma violência contra toda a categoria, contra a imprensa livre, contra a sociedade e contra a democracia. A escalada de tal violência não pode mais ser tolerada nem por jornalistas, nem por toda a sociedade em geral. Assim, o Sindicato cobra um posicionamento firme das autoridades responsáveis para coibir tais atos e punir, dentro do escopo das previsões legais, agressores.”

A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) também divulgou nota em que reafirma “a defesa intransigente da liberdade de expressão e do direito do brasileiro à livre informação”. “Nada justifica tamanha violência contra um cidadão, em especial, quando se trata de um profissional da imprensa, em pleno exercício da atividade jornalística.”

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